domingo, 5 de junho de 2011

Soulmates Never Die ~ 2º capítulo

- Ela disse: Vai já arrumar a tua secretária senão tiro-te aquilo que mais gostas no mundo!
- E o que quer isso dizer?
- Sei lá. – suspirei, confusa.
- Não penses nisso agora. Tenta relaxar. – aconselhou André.
- Tens razão. Quero mesmo sair daquela casa. Ou isso ou dou em maluca.
- Como se já não fosses. – comentou ele, rindo-se.
Dei-lhe um murro leve no ombro.
- Engraçadinho!
- Pois és. Para que raio foste fazer esse piercing?
- Não interessa! Fica-me bem, não fica? – indaguei, fazendo-lhe um olhar provador, quando virei o rosto para o lado direito, de modo a ele ter uma visão melhorada.
André abanou a cabeça:
- A ti tudo te fica bem.
Sorri-lhe.
- Obrigada, Nené.
- Caluda, Marisca.
Revirei os olhos.
No Eu & Ela começou a tocar S&M de Rihanna que era moda em todos os cafés/bares/discos.
- Hum, vamos dançar! – puxando-lhe a mão.
- Nem penses! Ficava o pessoal todo a olhar.
- Se ficarem a olhar é porque estão pasmados a pensar em como nós dançamos bem.
- Nem penses!
Enterrei-me na cadeira, aborrecida.
Olhei em volta. Mais adiante, estava uma mesa com 3 raparigas que olhavam, riam e “babavam-se”.
Traí de imediato o meu sexo e murmurei:
- Estão ali umas raparigas que estão super interessadas em conhecer-te.
- O quê?! – perguntou o André como que em pânico.
- Em breve dirigem-se à nossa mesa. Não olhes para trás senão ainda desmaiam. – rindo-me sem conseguir resistir.
- Vamos embora, então.
- Nem te atrevas! Acabámos de chegar. Devem conhecer-te. Báh têm péssimo gosto!
- Ora porque dizes isso?
- Se te conhecem são do Sporting.
André riu. Ele já estava mais que familiarizado com a minha aversão ao Sporting, club esse onde tinha contracto e honrava a camisola 26.
- Oops.
- O que foi?
- Quando acabar de contar até cinco, elas vêm cá. 1,2,3.
André estava impaciente e pensativo.
- 4.5.
- Okay. Vamos dançar! – exclamou ele, quando me pegou na mão e me encaminhou até à pequena pista de dança do café.
- WOW! MAS QUE SOM! – afirmei, enquanto o meu corpo balançava ao ritmo da música. – LOVE IS GOOD. LOVE IS FINE.- cantava.
Quando a música acabou ouviram-se uns guinchos estranhos e histéricos.
Virei-me para trás e vi as 3 raparigas a prepararem-se para saltar para cima de nós.
Empurrei André até à rua, mas elas seguiram-nos até à saída.
Eu e ele demos uma corridinha até ao condomínio fechado onde eu vivia com os meus tios.
Entrámos em casa e fomos para o meu quarto.
- Uffa. Foi por pouco. – declarou André.
- Foi tão giro!
Rimo-nos.
- Amanhã é um grande dia.
- A sério? Porquê? – perguntei curiosa.
- Estás a brincar, certo?
- Não, não estou. Que raio de pergunta é essa?
- Amanhã é Dia de Halloween.
- Ah pois é. Já sabes do que te vais mascarar? – trocei.
- Não foi isso que quis dizer...
- Então?
André olhou-me com os seus olhos azuis lindos que pareciam estupefactos.
- Amanhã é o teu aniversário, Mariza.
Esbugalhei os olhos.
- Calma. Amanhã é dia 31?
- Sim.
- De Outubro?
- Exacto.
- OH MY GOD! Nem acredito! Vou fazer 19 anos?
- Parece que sim.
- TXI! Tou a ficar velha.
- Ehh ehh. As mulheres só se devem preocupar com a idade a apartir dos 39, quando já têm rugas, quando ganham mais peso, quando se tornam mais chatas.
- CREDO, ANDRÉ! – atirando-lhe uma almofada.
- Na brincadeira, na brincadeira!
Sentei-me ao seu lado na cama.
- O que vais fazer amanhã?
- Bom, amanhã é Sábado. – sorrindo-lhe. – Vou fazer um espetáculo às 11 horas e outro às 15.
- Já tens saudades deles?
- Claro que sim! Esperar 5 dias para os voltar a ver e a treinar custa muito a passar.
André sorriu, com os olhos azuis iluminados.
- No Domingo temos o jogo com o Benfica. Vais assistir?
Acenei de imediato.
- Claro, André. Claro que sim.
Ele olha para o relógio.
- Bem se calhar já ía andando.
- Oh está bem.
- Convida as tuas amigas para virem assistir ao jogo também.
- Com certeza.
Abracei-o e dei-lhe um beijinho na bochecha rosada.
Ele beijou-me a testa.
Acompanhei-o à porta.
- Fica bem, então. Se houver algum problema, liga-me.
- Okay. Obrigada. Beijinhos.
- Adeus. Beijos.
E desceu as escadas; fechei a porta.
Dirigi-me à cozinha e assaltei o armário, onde se encontravam os meus cereais Crush.
Liguei a televisão na Sic Notícias.
- Queremos hacer un gran partido. Sabemos lo que hacemos y vamos a dar todo para ganar. – disse um Espanhol com o equipamento do Benfica a fazer declarações para os jornalistas.
Enquanto os meus dentes esmagavam os bons cereias, os meus ouvidos ouviam aquele sotaque espanhol tão delicioso. Meu Deus! O jogador era mesmo, mesmo belo.
Ouvi as suas declarações até ao fim, mas não consegui saber como se chamava. Que pena.
Acabei de comer os cereais e lavei a tacinha amarela.
O meu telemóvel vibrou no bolso detrás das minhas jeans.
Era Patrícia a convidar-me para ir ver The Vampire Diaries na sua casa.
Agarrei nas chaves e sai.

- BEIJA-O, MINHA ESTÚPIDA! – exclamava eu ao ver que a tonta da Elena Gilbert não tinha coragem de finalmente beijar Damon Salvatore.
- Ela não o vai beijar, vais ver. – disse Patrícia.
- FOGO! Não acredito! – atirei, quando Elena saiu dos braços de Damon.
- O que é que eu te disse?!
- É uma injustiça, Tixa. A Elena devia ser do Damon.
- Então e o fofo do Stefan?
- Ele podia ficar com a Katherine que gosta dele a sério.
- Pois, realmente.
Depois do fantástico episódio acabar, chegaram as irmãs Rita C. e Diana.
- Olhem meninas, quase me esquecia. O André convidou-nos para assistirmos ao jogo de Domingo.
- Oh claro que vamos! – exclamou Patrícia toda contente. – Vamos não vamos, meninas?
- Claro! – confirmou Diana. – Vou convidar o Rodrigo e o Pedro, boa?
- Sim-sim. – esclareci. – Vou enviar um sms à Dalila a ver se também quer ir.
- Está bem. – disseram em coro.
Puxei do bolso o meu telemóvel.
“ Queres vir ao jogo Benfica-Sporting no Domingo?”
“ Claro! A que horas e onde nos encontramos?”
“ Em principio, o Pedro e o Rodrigo também vão, por isso podias combinar com eles e virem todos ao Eu & Ela. Por volta das 19 horas, pois o jogo é às 20h30. O que achas?”
“Está bem. Vou combinar com eles. Já dou novidades. Jinhs, pima”
“Até já, piminha”.
- A Dalila vai combinar com o Pedro e com o Rodrigo para virem ter connosco ao Eu & Ela.
- Ah boa! – disseram as irmãs.
Passados uns minutos, o meu telemóvel vibrou.
“ Olá, outra vez, pimita. Já combinei com o pessoal. Às 18h45 ou assim já estamos aí”.
“ Óptimo “
“ Amanhã vais trabalhar? “
“ É claro que sim. Finalmente! “
“ AHAHAH está bem “.
Passamos a tarde juntas: o quarteto doidástico (eheh), mas já era altura de voltar para casa, porque infelizmente, a minha tia devia estar quase a voltar da mercearia.
Despedi-me das minhas amigas e voltei para o meu quarto.
Estava a ouvir Bob Marley, quando os primeiro berros da minha tia Madalena se fizeram ouvir.
- MARIZA? MARIZA, ESTÁS EM CASA?
- Sim, tia.
- RESPONDE QUANDO FALO CONTIGO!
Isto dáva tanta piada. A minha tia ouvia tão bem como uma porta velha.
Para a casa não ir já abaixo, saí do quarto e dirigi-me à cozinha.
- Hoje fazes tu o jantar.
- Hoje? Que piada! Como se só tivesse feito o jantar hoje.
- Não me levantes a voz! Vou ver as Donas de Casa Desesperadas. Trazes-me o lanche?
- Porque é que não lanchou na mercearia? E já agora, porque é que a tia gosta tanto de ver essa série? Identifica-se com o nome da série?
- Tu-tu! Não abuses da sorte! – exclamava ela, quando saiu da cozinha e se enterrou no sofá.
Ri para mim própria, enquanto fazia uma sandes mista.
Coloquei a sandes num pratinho e um copo de sumo de laranja natural no tabuleiro e levei-o.
- É melhor começares a fazer o jantar. O teu tio deve estar quase a chegar.
- Ele hoje vem mais cedo?
- Vem às horas que lhe apetecer: uma vantagem de ser patrão.
- Pois, não se faz nada. – murmurei.
- O que é que rezaste para aí?
- Nada-nada. Estava apenas a pensar no que iria fazer para o jantar.
- Não sei. Tou cansada não me apetece pensar. Algo bom, mas não muito forte. O meu estômago é sensível. Não te esqueças que o jantar é servido às 19 horas em ponto.
- Claro, tia Madalena. Já sei.
Virei-me.
- Espera aí, minha menina.
Parei e virei-me de volta.
- Que porcaria é essa que tens presa no nariz?
- Ah isto? – apontei para a estrelinha que tinha na narina esquerda. – É apenas uma imitação rasca de um piercing no nariz. Está muito na moda, tia. Mas não se preocupe. Estes são muito bons, porque têm imanes, ou seja, não são verdadeiros. Só uma doida é que furava o nariz.
- Eaxcto! Por momentos, pensei que estavas a imitar a parva da tua prima!
- A Dalila não é nenhuma parva.
- Vai fazer o jantar! – exclamou ela, dando uma dentadona na sandes que devia estar deliciosa.
Suspirei e entrei na cozinha.
Descongelei uns rissóis e rolinhos de queixo e fiambre muito bons que tinha feito na terça-feira.
Fiz arroz branco e uma salada de alface.
Ouvi a porta a abrir-se.
- OH MEU ANTÓNIO! – babou-se a minha tia ao correr para os braços do seu marido.
- Boa noite, mulher. Hum! Cheira mesmo bem, o que estás a preparar para o jantar?
Fui até ao wall de entrada.
- Rissóis e rolinhos de fiambre e queixo com arroz branco e salada.
- Ah que bom, querida Mariza. – disse-me ao dar-me um beijinho na bochecha.
O meu tio António não era tão mau e venenoso como a minha tia, mas mesmo assim não era propriamente meu grande amigo. Enfim...
- Passa-me a salada. – pediu a minha tia.
- Na minha terra também se diz “por favor”. – ripostei.
- Vá, rápido.
Abanei a cabeça e dei-lhe a taça da salada.
- Hum-hum. – deliciava-se o meu tio. – Parabéns, Mariza. Este jantar está óptimo, como sempre.
- Obrigada, tio.
- Então, quais são os teus planos para amnhã? – perguntou ele.
- Vou trabalhar.
- Vais fazer quantos espetáculos?
- Vou fazer 2 em princípio.
- BÁH! Vais vir toda mal-cheirosa! Detesto cheiro a peixe.
- Não seja insensível, tia.
- É a verdade! Que porcaria de trabalho. Dar de comer a animais tontos, ensinar-lhes a fazer piruetas e tal. Que futuro é que isso te pode trazer?!
- Madalena! – disse o emu tio.
- Deixe estar, tio. Já estou habituada.
Acabei de comer, lavei o meu prato e copo e fui para o meu quarto.
DON’T WORRY ABOUT A THING, CAUSE EVERY LITTLE THING GONNA BE ALL RIGHT.
SINGIN: DON’T WORRY ABOUT A THING, CAUSE EVERY LITTLE THING GONNA BE ALL RIGHT.
Cantarolava eu, ao procurar a Enciclopédia da Vida nos Oceanos de Jinny Johnson.
Descuidei-me com as horas e adormeci na cama com o livro no meu colo.

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