quinta-feira, 14 de julho de 2011

Roupas utilizadas para o 6ºCap (1ºparte)


ALMAS DESTINADAS ~ 6ºCapítulo (1ºparte)

WOW! E EU QUE PENSAVA SER A ÚNICA COM NOTÍCIAS BOMBÁSTICAS
Domingo, 16 horas, Cais de Belém

Estava numa esplanada à beira do rio Tejo, a ouvir Sete Mares de Sétima Legião, enquanto esperava por uma pessoa muito importante na minha vida. Dou uma vista de olhos em meu redor e, ainda longe, vejo uns cabelos loiros claros a esvoaçarem com a brisa proveniente do rio.
Os seus olhos azuis também me avistam e assim, apressou o passo, até chegar à esplanada, abraçando-me e pegando-me ao colo.
- Credo atleta! Põe-me lá no chão! – rindo-me.
- Tinha tantas saudades tuas, Mariza! – exclamou Inês Oliveira, fazendo com que os seus olhos brilhassem ainda mais.
- Também tive tuas, fofa! Senta-te. – fazendo-lhe sinal. Ela sentou-se, suspirando.
- Então, rapariga? Que tens andado a fazer?
- Trabalho e mais trabalho.
- Como sempre…
- Pois basicamente… e tu?
- Bom, como sabes estou de férias e ando a aproveitá-las da melhor forma
. – disse Inês com um enorme sorriso. Aquele sorriso despertou-me imensa curiosidade. Havia ali alguma coisa…
- E qual foi a melhor forma que encontraste para aproveitar a tua folga das corridas?
Inês praticava atletismo no Benfica desde muito novinha. Entrava em variadas competições nacionais e já ganhou vários troféus e medalhas de ouro. Era um orgulho!
- Quero criar suspense! – disse ela, erguendo as sobrancelhas, marota. – Diz-me tu em que armadilha te meteste.
Mordi o lábio, começando a contar tudiiiinho. O “casamento” com o Derek, tudo o que aconteceu entre mim e ele, o presente que me deu…
- Ele gosta de ti.
- Desculpa?
– quase ao engasgar-me com o Nestea de manga.
- O Derek gosta de ti! Não há outra explicação.
- Mas…
- ía começar a contra-argumentar quando Inês me interrompe.
- Não! Não vais começar a inventar razões guiadas pela tua lógica perfeccionista. Ele gosta de ti, ponto final, parágrafo! O que vais fazer quanto a isso?
- Hum, não sei… eu não gosto dele dessa maneira…
- Acho então, que seria muito simpático da tua parte, clarificar-lhe o que se passa, o que sentes.
- Provavelmente, tens razão.
Inês encolhe os ombros e dá um gole no seu Nestea de limão.
- Estás com essa cara apenas por causa do Derek?
- Que cara?
- Essa cara de “estou perdida”, “não sei o que hei-de fazer”, “please, help me”. Estou aqui, Mariza. Diz-me o que te atormenta.
- Oh, não é bem “atormentar”.
- Então…?
- É mais do estilo: não sei se ligo ou não
. – rindo-me ao corar.
- Calma! Ligar a quem?
Esfrego a testa, afastando a franja. Mostro-lhe os nove números que decoram a palma da minha mão.
- É um telemóvel… mas de quem? – este assunto sim, suscitou o máximo de curiosidade de Inês.
- Nem vais acreditar.
- Credo, Mariza! Estás a pôr-me nervosa. Diz-me.
- Estes números constituem o telemóvel de Radamel Falcão que entrevistei de ontem
.
Inês esbugalhou os seus olhos azuis expressivos.
- Estás a brincar, não estás?!
- Hum, não. Eu disse-te que não ias acreditar!
- E eu a pensar ser a única com notícias bombásticas! Não lhe vais ligar?
- Acho que estou mais inclinada para lhe ligar. O que achas? É mau? Quer dizer, achas que há problema em termos alguma espécie de “envolvimento”? Ele é um jogador de futebol e eu uma jornalista… não quero pensar que me aproveito dele para ter notícias ou algo do género
. – disse tudo aquilo muito depressa mal respirando.
- Mariza? Calma, okay? Respira. – fiz o que ela aconselhou. – Se ele pensasse que tu te podias aproveitar dele, jamais te daria o seu número de telemóvel, não é?
- Pois, bem visto.
- Assim sendo - e repara que vai ser complicado de eu dizer isto, visto que sou uma Benfiquista até os meus ossos forem devorados por insectos feios – acho que devias telefonar a esse portista.
- A sério, a sério?
Inês acena com a cabeça, positivamente.
- Ligo-lhe agora?
- Porque razão não hás-de ligar já?
- Está bem…
- procuro o meu telemóvel e começo a marcar os números com as mãos um pouco trémulas. Pressiono o botão verdinho para ligar. – Está a chamar. – digo a Inês que revira os olhos nesse preciso momento. Sinto-me uma criancinha a brincar com fogo que não sabe domar.
- Hola. – atendeu ele.
Quando Inês viu que eu ía pressionar a tecla desligar, deu-me um pontapé nas pernas.
Reprimi um “au”!
- Hola, Albuquerque. – disse ele, novamente. Fiquei super desconfiada.
- Como sabes que sou eu?!
- Estamos teniendo un diálogo gracioso
. – rindo-se. – Tenía la esperanza de que ligasses.
- Ah, okay…
- Entonces, por qué me hás llamado?
- Hum… - na verdade não sei bem ao certo – liguei, porque queria saber o motivo por me teres dado o teu número de telemóvel. – óptima razão.
- Y si no lo hago?
- Como?
- Y si no quiero decir por eso que he dado mi telefono?
- E porque razão não queres dizer?
- Nada…
- Então se foi para nada que me deste o teu telemóvel, xau!
– disse-lhe, desligando o telemóvel.
Inês olhou-me com expectativa.
- Então e o encontro?
- Qual encontro? Não há encontro nenhum!
- Porque não?
- Porque ele não me quis dizer porque razão me deu o seu número.
- E era preciso seres tão radical?
- Era!
- Mariza, não estás a trabalhar. Quando uma pessoa se recusa a responder a uma pergunta que tu lhe faças, tens de aceitar e pronto.
– gracejou ela. Não achei piada nenhuma.
- Sabes que mais? Vou comprar um chocolate! – exclamei ao levantar-me e dirigir-me ao balcão.
- Hey, não devias abafar as tuas mágoas nos chocolates.
- Não estou magoada!
(…)
Quando regressei à esplanada, Inês remexia no cabelo como fazia, quando estava nervosa.
- Estás bem?
- Eu?! Claro que estou, Marisca.
- Hum. –
comi uma bolinha de Maltesers. – Ainda não me contaste a notícia bombástica que tinhas para me dizer.
- Tenho um namorado.
- A sério?! Wow! E quem é o felizardo?
- Tu, de certeza absoluta, que o conheces…
- Sim, Inês…? Quem é ele?
Ela estava definitivamente a corar imenso.
- É o David Luiz! Pronto! – exclamou, remexendo no cabelo loiro.
- O jogador do Benfica?!
- Esse mesmo!
- Aquele com belos caracóis?!
- Esse mesmo!
- O que veste a camisola 23?!
- Esse mesmo, Marisca!
- Oh, já sei quem é.
Inês revira os olhos, envergonhada.
- Então…?
- Então o quê?
– perguntei-lhe.
- Aprovas?
- Hum, não sei, Inês. Tenho de conhecê-lo primeiro.
- Que seja. Estás mais que convidada para uma noite na discoteca connosco!
- Hoje?
- Sim. Há algum problema?
- Hum, não nenhum.
- Então, está mais que combinado. Vamos buscar-te às 22 horas, boa?
- Está bem. Hum, olha também posso convidar a minha irmã?
- A Helena está cá?
- Sim, já voltou de Espanha… com um óptima companhia, aliás.
- O que queres dizer com isso?
- Ela namora com o Javi García, o novo jogador do Benfica.
- OMG!, aquela brasa ambulante?!
Ri-me. Sim, Javi era mesmo uma brasa ambulante.
- Sim.
- Ele é espanhol.
- Sim, aliás eles conheceram-se numa discoteca em Espanha.
- Uau! Mas que sortuda.
- Eu fiquei radiante, quando vi que eles pareciam mesmo felizes juntos.
- Ainda bem. Já merecia uma alegria. E tu também.
Desvio o olhar, percebendo ao que se refere.
- Há notícias da tua mãe?
- Não, nada de nada.
- Não fiques em baixo. Ela está a curar-se.
- Ou se calhar, não! Não sei…
- Bem, vamos às compras!
– exclamou ao levantar-se.
- Às compras? Porque razão?
- Dah! Precisamos de algo especial para vestir!
- Tu sim, vais fazer olhinhos ao brasuca, já eu…
- Óh, lá porque vais sem par, não quer dizer que vás de uma maneira qualquer. Quem sabe não apareça alguém especial para ti.
Franzi as sobrancelhas.
- O que queres dizer com isso?!
- Fazes demasiadas perguntas!
– exclamou Inês ao empurrar-me para a frente. (…)

(21h45)
Vesti as minhas calças de ganga justinhas e um top bastante curto que mostrava a barriga em tons púrpura com rendinhas em formas de pequenas flores. Penteei o cabelo de forma rebelde e calcei as minhas sabrinas pretas. Saí do quarto.
- Onde vais?
- Vou sair.
- Isso já eu percebi. Onde vais?
- Pronto, vou passar a noite na disco.
- Com quem?
- Mas porque é que tens de controlar a minha vida? Não és o meu guarda-costas!
- Isso já tu tens.
- Ai sim?
- O Ginja Tomás.
- Hum…
- nesse preciso momento, o meu gatinho apareceu, roçando-se nas minhas pernas.
Eriçou-se, quando Derek se levantou.
- Raios partam esse gato.
- Caladinho! Se o Ginja se eriça por tua causa é porque tem mais do que motivos para o fazer.
- Pois, sim…
Ia abrir a porta, quando a mão férrea de Derek me puxou o braço esquerdo.
- Tem cuidado.
- Terei, baby sitter.
- Queres que te vás buscar, quando saíres?
- Não, não é necessário.
- A sério, eu não me importo.
- Já disse que não e quando digo não é porque é não definitivo. Vou em boas-mãos.
Agora, se não te importas…
- referindo-me à sua mão, prendendo-me. Ele largou-me e eu fechei a porta atrás de mim.

Amor Electro - A Máquina


A música de Mariza&Falcão

ALMAS DESTINDAS ~ 5º Capítulo

PORQUE RAIO TENHO 9 NÚMEROS ESCRITOS NA MÃO
9h30

Já nos encontrávamos no aeroporto. Eu, Derek, Rita Correia e Patrícia apanhámos assim um táxi, rumo ao hotel, onde iríamos ficar hospedados. Tivemos que nos separar, pois os equipamentos das minhas amigas não se ficavam apenas por uma pequena arrumação na bagageira. Portanto, como Patrícia levava mais coisas, foi no táxi com Derek, que era o que levava apenas uma mala às costas; eu e Rita Correia fomos noutro. Não podia mentir, estava nervosa com a entrevista, pois era a primeira vez que iria fazer uma entrevista deste calibre.
- Estás ansiosa, Marisca? – inquiriu Rita.
- Um pouco…
- Não estejas. Vais ver que vai tudo correr sobre rodas.
- Sobre rodas?
– ri-me. – Nem por isso, Ritita. Vais ser mais do género: sobre a relva fresca do Estádio do Dragão. – o seu riso juntou-se ao meu.
- Báh! Estádio do Dragão! Ainda se fosse no da Luz. – comentou ela, aborrecida.
- Hey-hey! Imparcialidade, menina Rita! Imparcialidade!
- Tens razão
.
As estradas ainda estavam com algum tráfego.
- O Radamel… é giro. – disse ela.
- Hum… mas isso não é importante para a entrevista.
- Quem te disse que não? Preciso de uma cara bonita que não assuste a minha máquina fotográfica!
Dei uma gargalhada.
- Pronto, talvez dê jeito.
- Claro que sim! Especialmente a ti. Tu é que vais ter de estar sempre a olhar para ele, tipo como tu fazes aquelas caras persuasivas para todos te dizerem as respostas que pretendes.
- Caras persuasivas?! Credo, Rita! Isso quase que parece feitiçaria.
- Mas a sério! Tu fazes esse tipo de expressão facial.
- Okay… se tu o dizes…
Finalmente chegámos ao Hotel, onde Patrícia e Derek já se encontravam à nossa espera.
Fiquei num quarto com Derek, o que já não me era estranho, visto que partilho a minha casa com ele.
Patrícia e Rita foram para o seu quarto, seguido do nosso, preparar os equipamentos para a entrevista que se irá realizar daqui a pouco tempo. Os meus nervos começavam a aumentar cada vez mais, por isso agarrei no meu telemóvel e procurei The Edge of Glory de Lady Gaga, música que eu amava do fundo do coração e que por incrível que pareça, fazia desaparecer todos os meus medos e ânsias, e dava lugar a uma auto-confiança reforçada. Deixei Derek na sala e fui para o quarto, a fim de mudar de roupa.
Tirei a minha simples t-shirt branca, ficando só em sutiã e calças de ganga pretas. Abri a minha mala de viagem à procura das peças de roupa que escolhi para a entrevista: uma blusinha muito fininha de manga comprida preta e por cima, uma túnica com decote em V de cor azul. Peguei na blusa preta, quando Derek entra de rompante no quarto sem bater à porta. Virei-me para ele assustada com o repentino movimento.
Só depois me lembrei que estava em sutiã! Cobri o meu peito com as mãos e os braços.
- PODIAS TER BATIDO Á PORTA, NÃO?! – berrei-lhe.
Olhei para os seus grandes olhos azuis a fitarem, como que obcecados, a minha pequena tatuagem que rodeava todo o meu umbigo com a palavra karma. Por momentos, a minha mente cantarolou a música Behind Blue Eyes de Limp Bizkit, devido aos olhos de Derek.
- SAI! – ordeno-lhe.
Depois, Derek abana a cabeça como que a colocar as ideias no lugar e abandona o quarto sem dizer uma única palavra. Parvo do rapaz, páh!
Vesti-me e de seguida, dirigi-me ao espelho da casa-de-banho, onde domei o meu cabelo. Com a ajuda de um bom gel que quase parece que não foi utilizado, arrebitei as pontas do meu cabelo que me chegava um pouco abaixo das orelhas. Penteei a franja com o gel e estava pronta. Peguei na minha mala que continha o importante guião da entrevista e dirigi-me à sala… ou melhor à porta do quarto onde fiquei hospedada, o que fez com que Derek desse um pulo do sofá e se junta-se a mim.
- Onde pensas que vais?
- Vou contigo. Ao Estádio. Para a entrevista.
- Tu por acaso chamas-te Mariza Albuquerque, ou Rita Correia, ou Patrícia Damas ou até mesmo Radamel Falcão?
Derek revirou os olhos: - Não…
- Então, não fazes parte da lista de pessoas que pode entrar no recinto do estádio para a entrevista.
- Mas, assim… que vou eu fazer?
- Sei lá! Isso a mim não me importa! Só tens de estar aqui à uma hora da tarde. Isto é, se quiseres almoçar connosco.
- Okay, não te preocupes.
- Mas eu não estou nada preocupada, muito menos contigo. Xau!
– e sai, encontrando as minhas amigas à minha espera no corredor.
- Ouvimos os gritos! – exclamaram elas ao mesmo tempo.
- Gritos? Falei assim tão alto?
- Sim! O que se passou?
– questionou Patrícia.
- Passou-se Derek Hamilton. – gracejei. – Vá, vamos ao que interessa.
(11 horas)
As primeiras perguntas iriam ser feitas no banco dos jogadores do Porto.
Patrícia já tinha a câmara pronta e Rita Correia já estava a postos. Apenas esperávamos por Radamel que estava a ser maquilhado nos balneários. Subitamente, vimo-lo sair dos balneários e aproxima-se de nós.
Mira-me de alto a baixo e sorri. Estendo-lhe a mão.
- Chamo-me Mariza Albuquerque e sou a jornalista e elas são: Patrícia Damas, na câmara e Rita Correia, fotografa.
Radamel aperta-me a mão, delicadamente.
- Un placer. – disse sem nunca desviar os seus olhos pretos dos meus.
A sua beleza exótica cativou-me o olhar que ansiava por detalhar mais o seu rosto.
Fiz-lhe sinal para os bancos, onde ele se dirigiu se imediato. Esses derradeiros segundos ocupados com o caminhar até onde lhe pedi, foram os suficientes para eu olhar um pouco mais para ele sem ser descoberta por estar a corar de modo bizarro. Ele vestia um casaco preto com umas risquinhas amarelas nos ombros, mas cedo o despiu, ficando apenas com uma t-shirt cinzenta e com as calças de ganga escuras.
O seu cabelo tinha uma cor tão negra e brilhante que me fazia lembrar as penas de um corvo.
Os seus olhos, também eles negros, faziam envergonhar qualquer noite escura, pois aquela cor até superava a negrura de uma alma puramente gótica. Os seus lábios eram carnudos e num suave tom rosa pálido. O rosto era longo e bem delineado. Reparei na sua pequeníssima pêra, mesmo por baixo do seu lábio inferior, que quase me hipnotizava. Voltei à realidade, quando comecei a ouvir os flashes da máquina fotográfica que incidiam em Radamel.
- Bom, podemos então começar a entrevista. – disse com a voz calma que contrastava com os fortes batimentos do meu coração, não sabendo distinguir se estes vibravam fortemente por causa daquela beleza exótica ou pelo meu estado de nervos.
- Quando quiseres, Mariza. – indicou Patrícia mal ouvi o clique da sua câmara.
E assim iniciei o meu longo questionário, com perguntas como:
Qual foi a primeira coisa que sentiu ao pisar o relvado deste Estádio?
Adaptou-se facilmente ao Futebol Europeu?
Como foi trabalhar com André Villas-Boas?
O que acha da sua equipa?
O que é que acontece nos Balneários?
(esta, perguntei com um sorriso travesso e Radamel deu uma gargalhada).
Como se sentiu quando foi chamado à selecção do seu país? Qual é a sensação de representar o seu país?
Sentiu carinho pelos adeptos portistas?
Estar no FCP fá-lo feliz?
Não quer sair do clube? E se André Villas-Boas o quiser no Chelsea?
Entre outras. Ele foi sempre muito simpático, respondendo a tudo o que lhe perguntei sem constrangimentos com a sua voz calma e querida. Quando a entrevista acabou, procurei o meu telemóvel para ouvir uma música qualquer, apenas para descontrair. Escolhi uma música mesmo ao acaso, nem olhando para o ecrã… o que depois, ao ouvir as primeiras notas da música, contribuiu para o meu arrependimento e para as minhas bochechitas começarem a avermelhar.
Rita Correia pediu para nos tirar umas últimas fotos ao som de A Máquina dos Amor Electro.
Assim o fizemos. Quando lhe apertei a mão para nos despedirmos ao agradecer mais uma vez a sua disponibilidade para a entrevista, ele não me quis largar a mão. Aliás, a minha mão direita ficou presa entre as dele, quentes e morenas, guardando-as com segurança. De seguida, tirou uma caneta grossa do bolso das calças, virou a palma da minha mão já um pouco acalorada e até suada com o seu toque e escreveu algo que eu não conseguia ver, porque algumas mechas do seu cabelo estavam debruçadas sobre ela. Ele levantou a cabeça, esboçou um largo sorriso e deixou-me fitar a minha mão.
Olhei. Voltei a olhar. Olhei mais uma vez. E olhei, novamente. Ergui a cabeça para ele e este, não pronunciou uma única palavra; apenas continuou a sorrir e piscou-me o olho, mordiscando o lábio inferior, ligeiramente. O sangue corria forte e veloz nas minhas veias que pareciam não aguentar a adrenalina que ele me despertava no corpo.
Radamel Falcão deixou-nos no Estádio e dirigiu-se aos balneários com um passo confiante.
Segui-o com o olhar e depois, mirei mais uma vez a palma da minha mão.
Porque raio tinha 9 números escritos na palma da minha mão?!
O meu cérebro estava totalmente lento! Só depois percebi que aqueles números eram o seu número de telemóvel. Ai jesusa! E o que é que isso poderia significar?...
Fiz um dos meus sorrisos parvos… mas um especial… um sorriso de paixoneta… e este tipo de sorriso já não assombrava os meus lábios e coração há algum tempo… desde… desde que a minha mãe ficou doente e partiu com o meu pai para Nova Iorque, esperançosos de encontrar a cura…
A minha linda mãe, outrora modelo fotográfico… e o meu talentoso pai, fotografo…
Sinto saudades!...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Luisa Sobral - Not There Yet

Javi García & Elena Albuquerque (4ºcap)

Roupas utilizadas no 5ºCap

 

(Rita C.)(Patrícia)

Portefólio de Mariza Albuquerque (4ºcap)

 

Portefólio de Mariza Albuquerque (4ºcap)

 

Portefólio de Mariza Albuquerque (4º cap.)


ALMAS DESTINADAS ~ 4ºCapítulo

EU CONHEÇO-TE! EU SEI QUE TE CONHEÇO!20h30
Derek tinha mesa muito bem posta. Ele tinha ido ao supermercado a comprar um vinho para os convidados. O lombo e as batatas já estavam cozinhados. Só faltavam mesmo os convidados. Entretanto, tocaram à campainha. Virei-me para Derek.
- São eles! – corri até ao hall de entrada e vi se estava apresentável. Estava – Deixa-me ser eu a explicar tudo.
- Já te ouvi dizeres isso à primeira vez.
- Pronto...
– suspirei e abri a porta com um sorriso.
- MARIZA! – exclamou Helena, atirando-se para os meus braços que a acolheram com ternura. – Tive tantas saudades, maninha!
- Também tive imensas saudades tuas! Já lá vão dois meses de férias, hã?
- É verdade! Claro que não planeava permanecer tanto tempo em Espanha, mas encontrei alguém que me fez mudar de ideias
. – afirmou com um largo sorriso. Desviou-se para o lado, para eu ver algo. O sorriso que outrora esteve na minha cara, desapareceu, assim como todo o sangue, o que me tornou extremamente pálida, presumi. Franzi o sobrolho.
Levantei o dedo indicador da mão direita, apontando para o belíssimo rapaz em minha fronte. Era alto e delgado; tinha um belo sorriso, uns ternurentos olhos castanhos com laivos de cor de mel, uma face fina e afiada, decorada com uma ligeira barba e o cabelo em tons um pouco mais escuros do que os olhos.
- Eu… eu conheço-te! Eu sei que te conheço! Mas de onde?
- Tens a certeza, mana?
– perguntou Helena, sorrindo de soslaio.
- Eu nunca esqueço uma cara! – exclamei, puxando pela cabeça. – Ai, peço desculpa, mas eu sei que te conheço de algum lado. – disse um pouco embaraçada comigo mesma.
Helena riu alto.
- É claro que conheces!
- Bem me parecia
. – respondi, aliviada por não ser imaginação minha.
O rapaz aproximou-se de mim, estendeu a mão e esboçou um largo sorriso.
- Mi llamo Javi García.
Levei a mão à boca ao esbugalhar os olhos.
- Oh, meu Deus! Eu sabia. – rindo-me. – É um prazer conhecer-te! Real Madrid, hã?
- Correcta! Pero ya no soy jugador del Real Madrid.
- Não?
- No, ahora soy del Benfica.

Levantei as sobrancelhas, admiradíssima.
- Uau, maninha! Notícias fresquinhas! – interviu Helena.
- É verdade, é verdade! Bom, mas agora não estou a trabalhar, por isso… Vá entrei. Sentem-se. Estejam à vontade. – fechando a porta. Derek levantou-se do sofá, olhando para os convidados.
Helena faz uma expressão confusa.
- Mariza? Quem é este rapaz?
- Sou Derek Hamilton
. – antecipou-se ele, apertando a mão à minha irmã.
- Estás a omitir-me algo, não estás, Mariza? – perguntou Helena, fazendo um olhar atrevido.
- É uma longa história…
- Ainda bem que a noite é uma criança…
(…)
Já tínhamos acabado de jantar e eu também já tinha terminado de contar a minha mais recente embrulhada.
- Maninha. Tu És. Incrível! – exclamou Helena. – Peço desculpa, Derek, pareces ser um tipo fixe, mas mesmo assim tenho de dar um raspanete à minha irmã.
- À vontade.
– respondeu Derek.
- Em que estavas a pensar?! – interrogou Helena, com os olhos muito abertos.
- Calma, Helena! Não foi nada demais! Foi apenas um favor…
- Já sei que és viciada em aventuras, mas isto passou das marcas! O que iriam dizer a mãe e o pai se estivessem aqui?!
- Mas não estão, portanto…
- Portanto, estou cá eu!
- Agora isso não interessa. Já está feito. O Derek está em Portugal e vai estudar. Era esse o objectivo.
Como viu que a conversa morrera ali e ponto final, Helena virou-se para Derek.
- Queres mesmo tirar um Curso de Fotografia?
- Sim, é o meu sonho.
- E o que gostas de fotografar?
- Essencialmente, paisagens.
- Interessante… não gostas de fotografar pessoas?
Derek encolheu os ombros.
- Nunca encontrei assim um modelo de quisesse mesmo fotografar. Nenhum modelo tinha as qualidades de pose e expressão de rosto que eu pretendia captar.
- Nenhum?!
– questionou Helena, olhando-me de soslaio.
Como se entrasse na cabeça da minha irmã, adivinhando os seus pensamentos, entrevi:
- Não, Helena, nem penses!Helena ignorou-me e continuou.
- Sabes, eu sou modelo e também já fiz alguns trabalhos de fotografia, mas sabes que mais? Não fui a única.Esfreguei a testa, começando a corar.
- Eu e a Mariza inscrevemo-nos para uma agência de modelos. Ambas entrámos. Mas eu sempre fui melhor na passerelle, já a Mariza… era a modelo fotográfica.
- A sério?
– perguntou Derek, mirando-me.
- Isso foi há muito tempo. – afirmei.
- Tinhas 17 anos! Não foi assim há tanto tempo!
- E fizeste muitas sessões fotográficas?
– inquiriu Derek.
- Nem por isso…
- Fez sim e muito boas, digo já!
- Tenho de ver isso…
- comentou Derek.
- Já podias ter tido, rapaz. – disse Helena, levantando-se do sofá. Começou a procurar algo nas prateleiras de madeira que tinha na sala. Encontrou o que queria. Trouxe um portefólio.
- Helena? Isso é passado!
- Mas é um passado bom!
Sentou-se entre Javi e Derek e começou a esfolhear as fotos.
- Esta és tu com 17 anos? – quis Derek saber.
- Sim… - suspirei.
- Tinhas o cabelo comprido…
- É o que parece…
Javi virou-se para mim.
- Helena seguió trabajando como modelo… por qué dejaste tu carrera? Usted tuvo un inmenso talento.
- E ainda tem.
– afirmou Helena, sem tirar os olhos das minhas fotos.
- Porque não era algo que eu quisesse fazer a tempo inteiro. A fotografia era apenas uma brincadeira…
- Mentira! Ela levava isto muito a sério.
– disse Helena.
- Talvez, não sei bem… era uma adolescente na altura. Ainda não sabia bem o que queria, ma quando me apercebi que não estava destinada a fazer aquilo, fiz a minha escolha e optei pelo Jornalismo, profissão essa que me faz feliz.Javi sorriu.
- Crees en el destino?
- Porque não?
Derek e Helena continuaram a esfolhear o meu portefólio e Javi também virou a sua atenção para ele. Estava visto que naquela sala, eu era a única que não estava interessada em ver fotos. As minhas fotos.
- Wow! Tens mesmo jeito para isto, miúda. – comentou Derek.
- Hum… - murmurei.
- Podíamos sair os quatro amanhã. – sugeriu Helena.
- Impossível. Amanhã vou para o Porto.
- Para o Porto? Fazer…?
- Fazer uma entrevista ao Radamel Falcão.
- Que é…?
- Ahora eres jugador del FCP
. – respondeu Javi.
- Exacto.
- Ah, não estou minimamente informada sobre Futebol
. – disse a minha irmã, tristonha.
- No importa. – contrapôs Javi, passando o seu braço esquerdo pelos ombros de Helena. – Usted está perfecta la forma en que están.Helena sorriu-lhe amorosamente, bem aninhada no seu abraço.
Fiquei bastante feliz por vê-los assim. A minha irmã merecia alguém à altura dela e apercebi-me que Javi estava à sua altura; ele parecia ser mesmo bom rapaz.
- Então e já escreveste a entrevista? – perguntou Helena.
- Claro! Estive todo o dia a trabalhar nela.
- Depois temos de comprar o jornal.
- Obrigada.
- Bom, se calhar já íamos andando…
- disse a minha irmã. – Tens de te levantar cedo amanhã.
- Pois é, mas não faz mal.
- Estás mais magra. Isso deve ser excesso de trabalho.
- Não…
Helena levantou-se de mão dada com Javi e fitou Derek, muito séria.
- Toma bem conta da minha irmãzinha. Ela é o meu tesouro. Se lhe fizeres mal, terás severas contas a ajustar comigo!
- Y yo también!
Foi muito engraçado ver Helena e Javi a oferecerem porrada ao Derek (um Polícia) se algo der para o torto.
Derek levantou as mãos no ar, pedindo rendição.
- Sim, meus caros senhores! Fiquem descansados. – garantiu.
Helena abraçou-me.
- Fica bem, querida. Um dia destes temos de marcar um jantar. Desta vez em nossa casa.
O Javi comprou uma vivenda bem perto daqui.
- A sério?
– perguntei, espantada.
- Sim, por isso se alguma vez precisares de alguma coisa é só dizeres.
- Obrigada e tu a mesma coisa, ouviste?
Helena apenas sorriu.
- Ah e amanhã deixa os pais orgulhosos.
- É isso que procuro fazer todos os dias.
– disse-lhe, encolhendo uma lágrima.
Helena afastou-se e Javi aproximou-se de mim.
-Mariza. Fue un placer conocerte. Creo que vamos a ver otra vez… y tal vez muchas veces.
- Pois, não será nada estranho… sou jornalista desportiva e tu jogador de futebol
– ri-me. – Um dia destes talvez te faça uma entrevista.
- Estoy a su disposición. – disse antes de me dar um beijinho na face.
Hum… ele cheirava tão bem, rindo-me de mim própria com tal pensamento.
Depois aproximei-me do seu ouvido.
- Cuida bem dela. E se não o fizeres, tens de te a ver comigo! – ameacei.
- De acuerdo. – disse ele abafando uma risota.
Derek também se despediu deles; Foram-se embora. Fechei a porta.
Suspirei ao ver a mesa da sala cheia de loiça suja. Comecei a lavar a loiça com a ajuda de Derek. Quando terminámos, dirigimo-nos à sala, onde me estendi no sofá. Derek agarrou nas minhas pernas, sentou-se no sofá, deixando pousar as minhas pernas fatigadas em cima das suas musculadas.
- São ambos muito simpáticos. – declarou Derek.
Sorri.
- É. A minha irmã já sabia que era, mas o Javi... conhecemo-nos hoje e embora tenhamos estado pouco tempo juntos, sinto que ele é mesmo um rapaz fixe para a Helena. E – suspirei profundamente – fico mesmo muito feliz por sentir isto. Ambas precisamos de nos alegrar, pensei.
- Eu espero que hajam mais oportunidades destas. Jantares em puro convivio. – desabafou Derek.
- Eu também.Subitamente, Derek pôs-se muito direito.
- Já me esquecia! – exclamou ao levantar-se, procurando algo num saco que trouxera.
Regressou – esboçando um sorriso tímido (coisa que nunca o vi fazer) – com uma caixinha preta. Entregou-ma.
- É para ti.
- O que é isto?
- Abre e descobrirás.
Mordi o lábio, nervosa. Seria uma partida de mau gosto? Por segundos pensei em recusar-me a abrir, mas quando os meus olhos castanhos escuros se cruzaram com os olhos verdes-azulados de Derek, algo no mais profundo de mim me impediu de executar aquela tola ideia. Abri a caixinha e de lá tirei um fio fino e comprido de metal.
Apreciei a sua textura; não era nada rugoso. Era leve. No entanto, o seu objectivo era-me desconhecido. Derek sorri ao fazer uma covinha no rosto e pega no pequeno pendente do fio. Não era bem um pendente, era um ganxo forte capaz de suportar qualquer jóia ou outra coisa qualquer que eu quisesse lá prender.
- Como disseste que estavas sempre a perder as tuas pens e como, com muita pena minha, não querias usar a aliança que te comprei, dedici assim, trocá-la por este fio, onde podes prender a tua pen, que inclusivé reparei que tem um pequeno cordãozinho. Tenho a certeza absoluta que nunca a irás perder, desde que a tragas no fio ao teu pescoço.UAU! Mas que querido por parte dele!
Fui imediatamente procurar a minha pen que me lembrava (aleluia) de a ter posto na mala.
Agarrei nela e prendia no fio de metal. Pus o fio ao pescoço. A pen pendia-me pelo peito.
E assim, tive a certeza que nunca mais a perderia.
Sem explicar bem porquê, abri muito os meus olhos brilhantes e aproximei-me de Derek.
Apesar dele ser dono de uns belos 1,90 cm, os meus 1,73 não me deixaram ficar mal ao não ser necessário esticar muitos os meus pés para chegar ao rosto onde queria depositar um beijinho ternurento. Derek paralisou ao sentir os meus lábios carnudos na sua pele.
- Obrigada. – sussurei.
Ele ficou um pouco nervoso, comportamento que não percebi nem queria perceber.
Estava demasiado cansada para descodificar um mistério dele, por isso sentei-me no sofá, embrulhada nos meus próprios braços, quando Derek começa a passar pelos canais de televisão demasiado rápido. Nem me apercebi que os meus olhos já estavam a querer fechar-se compeltamente passados poucos segundos.

(DEREK)
Mariza parecia uma menina ultra inocente e desprotegida, enquanto dormitava.
Eu não conseguia desviar os olhos do seu rosto pequeno, dos seus lábios rosados, das suas pestanas longas e escuras, do seu cabelo curto que parece eriçar-se mal detecta a sua mudança de humor, do seu corpo bem delinheado e curvilineo.
Fiquei bastante contente por ela ter aceite de tão bom grado o meu presente útil.
Fiquei bastante triste quando ela se recusou em usar a bonita aliança que lhe comprei.
Mas, tinha de compreender o seu ponto de vista. E o facto de achar que começo a compreendê-la melhor, há certas coisas que me escapam a uma velocidade-luz.
Quando vi as suas fotos, a minha pasmada alma não queria acreditar. Ela tinha jeito... imenso jeito, aliás. Com 17 anos já tinha aquele corpo bem esculpido e os olhos já eram tão ou mais expressivos do que são no presente. No entanto, e com todas estas perfeitas características, deixou fugir uma oportunidade daquelas que já tinha nas mãos.
Se Helena não deixou escapar a oportunidade de ser modelo a tempo inteiro, porque razão Mariza não seguiu o exemplo da sua irmã mais velha? Compreendo a sua paixão por jornalismo, mas podia fazer ambas as profissões, tal como eu tenciono fazer quanto a ser agente da PSP e fotografo ao mesmo tempo.
Porque razão não fez ela isso? Porque razão optou apenas por uma actividade?
Era uma coisa que o meu instinto tinha de descobrir, pois algo me diz que há mais passado nela do que aparenta haver...
Levantei-me devagar e sem fazer barulho. Peguei nela ao colo e transportei-a até ao seu quarto. Tirei-lhe os sapatos de salto alto e embrulhei-a com o cobertor.
Pelo que notei, ela nunca se mexeu. Devia estar muito cansada ou então tinha um sono mesmo pesado. Ajeitei melhor a almofada e depois algo dentro de mim incentivou-me a dizer:
- Estavas tremendamente enganada. Não escolhi a irmã errada. Escolhi-te a ti e escolhi-te acertadamente. Já procurava por uma rapariga há algum tempo em Inglaterra, mas tu foste aquela com quem eu queria casar. Eras a Escolhida. Disseste que a tua irmã era muito mais bonita do que tu, mas aos meus olhos, isso não é verdade. Helena está destinada a ficar com Javi e tu e eu estamos destinados a ficar juntos. Foi assim que o destino foi traçado quando te pus os olhos em cima. – disse tudo aquilo de uma rajada, murmurando para que na verdade ela não ouvisse uma única palavra do que eu estava a dizer. Levantei-me e fechei a porta devagar atrás de mim. Quando já me encontrava no corredor, Ginja Tomás olhava para mim com um ar ameaçador. Bolas! Aquele gato parecia um guarda-costas!
Quando eu passo por ele, ele eriça-se todo e rosna-me.
Para além de parecer um guarda-costas, também parece um detector de mentiras ambulante.
O que poderá mais fazer? Ler os meus pensamentos? Se lesse acho que estava metido em bravos sarilhos, pois naquele preciso momento estava a pensar na mentira que espetei a Mariza ao dizer-lhe que só me queria casar com ela para ter realmente um relacionamento com ela. Foi um plano estúpido eu sei. E infantil. E idiota. E mais uma vez estúpido.
Mas fi-lo. E o que está feito não pode ser desfeito.
Afastei-me do Guarda-costas/detector de mentiras/(graças aos Deuses) NÃO leitor de pensamentos e fui arranjar o sofá (a minha cama improvisada).

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Roupas utilizadas no 3º Capítulo

 Mariza   Derek

ALMAS DESTINADAS ~ 3ºCapítulo

ESCOLHESTE A IRMÃ ERRADA
6 horas da manhã

Acordei bem cedo, pois hoje era dia de trabalho. Corri para a casa-de-banho, ligando de imediato o rádio. Tocava uma música linda, à qual eu estava viciadíssima! Acompanhei a angelical voz de Luísa Sobral em Not There Yet. Tomei banho, amando o aroma de Dove Deeply Nourishing na minha pele e de eucalipto no meu cabelo castanho escuro curto. Penteei-me, lavei os dentes e pintei os lábios em tons vermelhos, como sempre.
Dirigi-me ao meu quarto e prestei atenção às peças de roupa presentes no meu guarda-roupa. Escolhi uma camisa de manga curta vermelha, umas calças pretas e uns sapatos com um pequeno salto em tons vermelho escuro. Mirei-me ao espelho. Sim, estava apresentável. Pus perfume e sai do quarto, encaminhando-me à cozinha, cuja porta estava fechada. Olhei para a sala e Derek já não pernoitava no sofá. Tinha acordado tão cedo como eu? Impressionante... Abri a porta da cozinha. Quando entrei, esqueci-me de respirar.
- Bom dia, Mariza.
Entreabri ligeiramente os lábios, não conseguindo disfarçar o espanto.
A mesa estava incrivelmente decorada com dois pratinhos e duas canecas de leite com café. Haviam tostas mistas em cada um dos pratinhos e deitava um cheiro de um magnifico manjar dos Deuses. De seguida, olhei para Derek. Já estava vestido; trajava uma t-shirt de cavas branca e umas jeans escuras.
- Senta-te, senão o pequeno-almoço arrefece.
Fiz o que ele disse, automáticamente.
- Tu. Fizeste. Tudo isto?
- Vês aqui mais alguém?
- Limita-te a responder à pergunta.
- Sim, pronto fui eu. Satisfeita?
- Veremos.
– respondi, quando levei à boca a tostinha de queijo e fiambre ainda quente.
Demorei um pouco a usufruir de todo o sabor que ela tinha para dar e só depois, disse:
- Sim, estou bastante satisfeita.
Derek sorriu e esfregou as mãos.
- Ainda bem, babe. Eu acho que começámos com o pé esquerdo.
- Muito esquerdo.
- E que tal se começássemos tudo de novo? Como deveria ter sido.
- Cometeste erros.
- Quais?
- Pediste para me casar contigo sem sequer me perguntares o nome e nem se tinha namorado. E começaste-te a armar em carapau de corrida.

Derek clareou a voz.
- Olá, bom dia. Eu sou o Derek Hamilton e tu és?
Revirei os olhos e sorri, fazendo covinhas.
- Chamo-me Mariza Albuquerque.
- Lindo nome!
- Obrigada.
- Então, tens namorado?
- Não, mas porquê?
- Porque eu tenho uma proposta muito bizarra a fazer-te.
- Lido bem com cenas bizarras.
- Muito bem; é o seguinte: eu quero viajar para Portugal, de modo a tirar um Curso de Fotográfia. Eu sou apaixonado pelas paisagens portuguesas e penso que esse é o melhor sítio para um fotografo em iniciação.
- Hum...
- Deste modo, queria pedir-te em casamento.
- Deixa-me ver se percebi
. – fiz um ar intrigante. – Estás a pedir-me para viajarmos para Portugal e irmos ao Registo Civil, a fim de nos casarmos, com o objectivo de poderes viver e estudar em Portugal. É isso?
- Claro como água.
- Hum...
- Está bem
. – sorri-lhe, encolhendo os ombros.
- A sério?
- Sim.
Derek estendeu-me a sua enorme mão, cheia de veias salientes.
- Foi um prazer negociar contigo.
- No problem
. – apertando-lhe a mão.
Depois ficámos em silêncio a olhar para a comida e um para o outro. Acabei de beber o meu leite, agarrei num guardanapo e embrulhei a outra metade da tosta nele.
Fui ao meu quarto, buscar a pasta do portátil e a minha malinha de camurça castanha à tira cole. Voltei à cozinha para buscar a tostinha.
- Isto foi muito engraçado. Até és simpático, já viste?!
Derek esboçou um sorriso de orelha a orelha.
- Mas não te vou fazer os jantares.
- Ena, fogo! Até te preparei o pequeno-almoço!
- Foi muito doce da tua parte, mas eu não te pedi nada. No entanto, ainda bem que deste gracha à chefe da casa.
Fiz uma festinha ao Ginja me se roçava nas minhas pernas.
- Porta-te bem. – sussurrei-lhe.
Quando me virei para a mesa da cozinha, uma caixinha com um anel em ouro ostentoso, chamou-me à atenção.
- E não. Não vou usar isso.
- Então, vai à loja e troca por algo que gostes.
- Nem pensar. Ainda para mais, a minha agenda sobrecarregada não o permite.
- Eu hoje vou procurar emprego.
- Está bem, boa sorte. Volto às 18h30.
Passei a porta da cozinha e já ia abrir a porta de entrada, quando Derek apareceu atrás de mim.
- Deixaste cair isto. – abriu a mão e de lá saiu a minha pen. A mais recente.
- Oh, raios partam as minhas pens.
- Então, o que se passa?
- É assim é que as perco de vista. Essa comprei-a na semana passada e este ano já comprei quatro.
- Hum...
– murmurou Derek, pensativo.
- Bem, obrigada, então. Até logo.
Desci as escadas e olhei para o relógio que marcava 7h30. Caminhei um pouco até à rua da Patrícia. Comecei a dar dentadinhas na tosta, meti os fones nos ouvidos e ouvir Not There Yet e comecei a rodopiar no meio da rua. Era normalmente, assim que começava os dias: com um grande sorriso, independentemente das horas que tinha de me levantar, a cantarolar e a expelir toda a minha energia matinal. Cheguei à casa da Patrícia e sentei-me no capõ do mini dela. Passados poucos minutos, ela saiu de casa.
- Bom dia, Mariza. – saudou-me, abraçando-me.
- Bom dia, Tixa. Já estamos atrasadas?
- Nadinha... a Rita é que deve estar.
- AHAHAH!
– ri-me.
A Rita demorava sempre muito tempo a despachar-se, por causa da sua máquina fotográfica que andava sempre com ela. Entrámos no mini e seguimos pela estrada.
Era óptimo vivermos todas perto das outras, não só para as saídas e galhofas, mas também, mesmo por questões de trabalho. Chegámos a casa da Rita e esperámos dez minutos.
- Ai desculpem, desculpem, mas a minha bebé ainda não estava toda carregada e ainda tive de lhe mudar o rolo.
- Como sempre
! – exclamamos eu e Patrícia ao mesmo tempo.
- Então, é verdade Marisca. Já trataste daquele assunto? – perguntou Rita.
- Qual assunto?
- Do casamento
. – ajudou Patrícia.
- Ah, isso. Estou oficialmente casada.
- Fogo, Marisca, mas que cena!
- Podes crer.
- Nem sei como é que aceitaste...
– comentou Patrícia. – Eu não aceitava. Sabias lá quem era o tipo ou se não te estava a mentir.
- Não pensei muito nisso, na verdade. Apenas deixei-me ir.
- Pois... se calhar não resististe à farda!
– gracejou Rita no banco detrás.
- Oh, não sejas tonta. Ele parecia estar mesmo a dizer a verdade.
- E como é que ele é?
– interrogou Patrícia.
- Chato, um pouco machista, madrugador, às vezes vaidoso, mas até consegue ser querido.
- Hummmmmm
. – disseram Rita e Patrícia com olhares intimidantes.
- Nada disso, meninas, nada mesmo!
- Está bem, está bem
. – disse Rita pouco convencida.
Entretanto, chegámos às instalações do jornal A Bola.
Fomos sentar-nos nas nossas respectivas secretárias. Comecei logo a trabalhar na entrevista que antes de ontem tinha feito a André Villas-Boas.
Bernardo começou a agitar-se à frente do meu monitor. Ainda cheia de boa disposição e paciência, perguntei-lhe.
- O que queres?
- Então, sempre foste para Inglaterra...
- Fui, porquê?
- Por nada. Eu disse à Ritinha que tu não tinhas postura e experiência suficientes para ires até Inglaterra e entrevistar o grande Villas-Boas.
- Pela tua informação, ele não é assim muito grande e sabes porque sei isto? Porque ele esteve mesmo pertinho de mim e sabes a fazer o quê? A responder às minhas pertinentes questões.
Bernando ficou com cara de enjoado. De repente, Rita Martins – filha do nosso patrão e chefe da nossa redação – apareceu por detrás dele.
- E foi por isso mesmo que não pensei duas vezes ao colocar a melhor tripla de jornalistas em Inglaterra. – afirmou ela, convicta.
Bernando murmurou umas pragas e foi-se embora. Rita Martins aproximou-se da minha secretária.
- Então, mostra-me os bons resultados.
Fiz um clique para o video da entrevista começar. Rita acenou coma cabeça, satisfeita.
- Muito bem, como sempre não me arrependo das escolhas que faço. Assim como não me vou arrepender desta. – e atirou alguns papéis agrafados para cima da minha secretária. Li os primeiros parágrafos. Arregalei os olhos e levantei as sobrancelhas.
- Oh, meu Deus! Queres que eu vá fazer uma entrevista desta grandeza?
- Quero!
Rita riu-se. Levei a mão à testa, coçando-a, nervosa.
- Quero que faças um guião base com as perguntas que queres fazer. Assim que o acabares, vens ao meu gabinete, mostrar-mo. Vou falar com a Rita Correia e com a Patrícia; elas vão fazer equipa contigo.
- Óptimo, óptimo!
– exclamei eu, entusiasmada.
Virei-me para o monitor e antes de começar a pensar nas questões que iria colocar na entrevista, decidi fazer uma profunda pesquisa sobre o jogador de futebol que iria entrevistar: Ramadel Falcão García.
Fiz a pesquisa e logo me surgiram perguntas na mente. Comecei a teclar no portátil.
Estava quase a acabar de escrever a entrevista, quando Patrícia se debruçou ao meu lado, olhando para o monitor. Minimizei a janela e olhei para ela com ar traquina.
- Sim, menina Tixa?
- Mas que má! Estava só a espreitar.
- Vais ter vista privilegiada n entrevista.
Ela riu-se: - Pois, é. É muito bom a chefe ter confiança em nós.
- Concordo, mas ela apenas vê o nosso vasto talento.
Sorrimos. Patrícia voltou para a sua secretária e eu para o meu trabalho.
Passados poucos minutos, imprimi toda a entrevista, agrafei e dirigi-me ao gabinete de Rita Martins. Entrei e entreguei-lhe os papéis. Ela demorou um pouco de tempo a analisá-la, pelo que me sentei no confortável sofá que ela tinha no seu grande gabinete.
Ela leu e voltou a reler muito cuidadosamente. De seguida, levantou o olhar para mim e disse:
- Está perfeito. É isto que pretendo.
- Então e quando é que tenho de ir ao Porto?
- Já contactei com o Falcão; ele está disponível amanhã
.
Mordi o lábio.
- Mas amanhã é o meu dia de folga.
Rita matutou cinco segundos.
- E se fosses amanhã trabalhar e ficasses com a Segunda-Feira livre?
- Combinado.
Saí do gabinete. Fui almoçar com as minhas colegas.
Voltámos ao trabalho, tratando da compra dos bilhetes e etc.
Quando mal dei conta já eram 18h e eu ainda estava a teclar sobre a entrevista.
Rita Correia e Patrícia bateram-me no ombro.
- Por hoje já chega menina.
- Calma, calma. Estou mesmo quase a acabar.
Passaram-se dez minutos, e desliguei o computador. Arrumei as minhas coisas e dirigimo-nos ao mini que descansava no parque de estacionamento.
Despedi-me rápido das minhas amigas, pois tinha um jantar importante para preparar.
Entrei em casa e fui surpreendida por uma música dos Depeche Mode (uma banda que gostava imenso); era a Enjoy The Silence.
Derek olhou para mim.
- Espero que não te importes por ter usado as colunas.
- Não, deixa lá. Eu gosto de Depeche Mode.
- A sério?
- Sim.
Sentei-me no sofá, um pouco afastada dele. De repente, o meu telemóvel vibrou.
Tirei-o da mala. Olhei para o ecrã. Era um sms da minha grande amiga: Inês Oliveira.
“Olá, girl. Tudo bem? Amanhã é Sábado e eu sei que estás de folga. Temos de por a conversa em dia. Aceitas uma dia ida ao Vasco da Gama? Beijos.”
Respondi: “Oi, está tudo bem comigo e contigo? Amanhã viajo para o Porto. Vou fazer uma entrevista ao Falcão. Mas estou livre no Domingo…”
“Falcão? Porto? Báh! Bom, mas é o teu trabalho… boa sorte com isso. Então que seja no Domingo, depois combinamos. Beijos.”
“Está bem. Beijos.”
- Bem, vou preparar o jantar.
- Ai vais?
– questionou, bastante surpreendido.
- Ah, é verdade, esqueci-me de te dizer. A minha irmã vem cá jantar hoje e traz companhia. Portanto, deixa-me ser eu a explicar tudo o que aconteceu, ok?
- A tua irmã é como tu?
- Como eu? Como assim?
- É assim teimosa e rabugenta como tu?
Fiz uma careta.
- Não sou rabugenta!
- És sim!
Revirei os olhos.
- Não. Ela é muito mais simpática e linda do que eu. – sorri.
- Ainda bem que é mais simpática. – riu-se. – Já mais bonita não sei.
- Perdão?
- Ainda não a vi. Só posso tirar as minhas conclusões depois de a conhecer.
- Hum.
- Não fiques amuada.
- Não estou amuada, apenas cansada.
- O trabalho foi duro?
- Digamos que amo aquilo que faço e assim não custa tanto. Amanhã vou para o Porto.
- Para o Porto?
- Sim, é no norte de Portugal.
- Que fixe! Posso ir contigo?
- Hum, não.
- Porquê?
- Porque não compraste os bilhetes e ainda por cima, eu vou em trabalho.
- O que vais lá fazer?
- Vou entrevistar o Falcão. Um jogador do FC do Porto.
- Ah, aquele que o Villas-Boas queria comprar para o Chelsea?
- Esse mesmo.
- Mas, vá lá. Deixa-me ir. De certeza que há lá óptimas paisagens.
- Hum, nem por isso…
Derek fez-me olhinhos, como o Gato das Botas no filme Shrek. Mordi o lábio.
- Pronto como queiras, Sr. Turista!
- Boa! Vamos comprar os bilhetes?
- Sim, vamos.
– disse eu ao ligar o portátil para comprarmos os bilhetes via internet.
Depois de comprarmos os bilhetes, eu levantei-me e fui até à cozinha.
Ia fazer lombo de porco no forno com batas a murro. Comecei a preparar as batatinhas pequenas. Derek apareceu na cozinha.
- Eu ajudo-te.
Foi buscar os alhos e partia-os aos bocadinhos.
- Então, a tua irmã também é jornalista?
- Estás muito curioso em relação à minha irmã.
Ele encolheu os ombros com indiferença.
- Não, a minha irmã é modelo.
- Modelo?!
– inquiriu, completamente admirado.
- Qual é o espanto? – dando uma gargalhada. – Acho que te estás a mentalizar que escolheste a irmã errada.
Derek abanou a cabeça, juntando o seu riso ao meu.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Roupas utilizadas (1º & 2º Caps.)

   No 1º Capítulo: Mariza Albuquerque
No 1º Capítulo: Derek Hamilton

No 2º capítulo: Mariza Albuquerque
No 2º Capítulo: Derek Hamilton

ALMAS DESTINADAS ~ 2º Capítulo

TIVESTE SAUDADES DA MAMÃ, GINJA TOMÁS?
Lisboa, 11 horas

Abri a porta de casa. Coloquei as minhas malas à porta do meu quarto. Derek seguiu atrás de mim.
- É agradável.
- Claro que sim
. – corroborei.
Derek voltou lá fora, trazendo a Roxanna atrelada.
Revirei os olhos, suspirando ao mesmo que tempo.
- Sinceramente, não faço ideia como é que fui capaz de autorizar a entrada desse enorme bicharoco no meu apartamento…
Roxanna ofegava, cansadíssima. Veio logo para os meus pés, cheirá-los. Afastei-a com leveza e fui à procura do meu amorzinho.
- O que estás a procurar? – interrogou Derek.
- Ginja? Vem à dona, Ginja. – pedia a nenhures. Passados uns segundos, lá vinha o Ginja, com ar de Príncipe, todo empertigado e presunçoso. A sua cauda farfalhuda enrolou-se às minhas pernas, ronronando alto e bom som. Peguei nele. – Oh, meu fofinho. Tiveste saudades da mamã, Ginja Tomás? – fazendo-lhe festas, amorosas. Ele fitava-me com os seus olhos verdes claros, vaidosos.
- Ginja Tomás?! – riu-se Derek. Ambos – eu e o meu gatinho – fizemos-lhe má cara. Ele viu a nossa expressão facial, mortífera e pôs as mãos no ar, rendendo-se. A atenção de Ginja virou-se para Roxanna.
Esta só fazia farejar intensamente. Pus o Ginja no chão; Roxanna queria brincar com ele, mas (e orgulhando a sua dona) o felpudo rosnou-lhe e a cadela cor de areia encolheu-se. Após esta excelente marcação de território, por parte de Ginja, este erguei a cabeça, majestosamente, e espaventou-se até à sua casinha na varanda do meu quarto.
- Educas-te o teu gato à tua medida, estou a ver… - comentou, ironicamente.
- Bom, eu vou arrumar as minhas roupas e você?
- Você?! Trata-me por tu, óh Franjinhas.
- Com queiras, mas não me chames isso
. – Franjinhas?! Enfim…
- Acho que te fica bem, a propósito.
- Não perguntei a tua desinteressante opinião.
- Bolas, que fera! E eu a pensar que os meus ex-colegas é que eram brutos… temos de nos dar bem, afinal de contas, a partir desta tarde, vamos ser marido e mulher.
- Nem sequer me lembres. Preciso de tomar uns calmantes.
– gracejei.
- Não é preciso estares nesse estado de nervos.
- Derek?
- Sim, noiva?
- CALA-TE!
Dirigi-me ao meu quarto e comecei a arrumar as minhas roupinhas no guarda-roupa.
Despachei-me rapidamente. De seguida, fui dar comida ao Ginja. Voltei à sala.
- Então, estás aí a olhar para ontem que já passou?
- Queria pedir-te uma coisa, mas como estavas ocupada…
- O que queres?
- Precisava de um sítio onde possa guardar a minha roupa e afins.
Ponderei um pouco.
- Acho que ainda tenho três gavetas vagas no meu segundo roupeiro. – fui ao meu quarto para me certificar. – Sim, tenho mesmo três gavetas disponíveis.
- Só três?
- Pronto, está bem, podes também usar metade do meu segundo guarda-roupa. Mas é mesmo só metade!
- Yes! Obrigada.
Báh, detestava estes tipo de negociações com ele.
- Bom, daqui a quinze minutos, vamos ao Registo Civil para despacharmos esta trapalhada toda.
- Perfeito; vou só arrumar as minhas coisas. Até já.
Dez minutos passados, Derek apresentou-se na sala com umas calças pretas e uma camisa branca, onde eram realmente realçados os seus músculos do peito e braços. A fim de parar de olhar para ele com um ar atónito, cocei a testa, um dos meus tiques nervosos.
- Estou bem? – questionou.
- Razoável.
- Mentirosa!
Não lhe liguei; levantei-me do sofá e encaminhei-me até ao hall de entrada, mirando-me ao espelho.
Arranjei o cabelo e abri a porta.
- Vais assim? Tão simples?
- Não estou bem?
- Não é que estejas mal, só que bem, normalmente as mulheres gostam de ir mais arranjadas para o seu casamento…
- Mas isto não vai ser um casamento. Isto é apenas um favor que vou fazer a um desconhecido.
Derek semicerrou os olhos verdes azulados.
- És incrível, tu!
- Não estou bem?
– voltei a perguntar, ignorando a acusação.
- Razoável.
- Óptimo!
Pus a mala à tira cole e esperei que ele fechasse a porta atrás de si.
Chegámos por fim à Conservatória do Registo Civil de Oeiras e esperámos a nossa vez.
Passou meia hora e fomos chamados.
- Preparada, Noiva?
- Já assinei variados papéis em 20 anos de existência. Estes irão ser mais uns na longa lista.
Derek fez uma espécie de rosnido. Entrámos na sala. (…)
- Prontinho! – exclamei, aliviada por aquilo ter acabado.
- É verdade, Sra. Hamilton.
- Eu não pus o teu apelido no meu nome!
- Mas podemos fingir que puseste.
- Nem pensar!
– arregalando os olhos.
- Bom, eu vou fazer umas compras.
- Compras? Onde? Não conheces nada por estes lados.
- Estás a oferecer-te como guia?
- Frio, muito frio. Estás muito longe da verdade.

Derek riu-se.
- Não te preocupes, babe, eu não me perco. Tenho GPS no telemóvel.
- Óptimo. Então, adeus.
- Até logo.
E dirigimo-nos para direcções diferentes.

(19h45)
Estava a começar a preparar a minha salada de tomate com atum e milho, quando o meu telemóvel tocou.
Dirigi-me ao hall de entrada, onde ele estava. Olhei para o ecrã e sorri.
- Olá, Helena! Tudo bem?
- Oi, maninha. Tudo e contigo?
Hesitei um pouco ao responder.
- Estou bem. – antes que ela me perguntasse porque estava a minha voz estranha, mudei de assunto – Então, como estão a correr as férias em Espanha?
Ela riu-se.
- O máximo, Mariza, o máximo! Tenho-me divertido imenso.
- Ainda bem.
- Amanhã à tarde já devo estar em Lisboa.
- A sério?
– perguntei, chocada.
- Sim e não vou sozinha.
- Não vens sozinha? Como assim?
- Levo companhia espanhola e para ficar.
- Wow! Agora é que não percebi mesmo. Explica-te.
- Talvez te explique tudo amanhã se me ofereceres um jantar em tua casa. A mim e a outra pessoa. Pode ser?
Jantar? Em minha casa? Ai, ai, Mariza. Talvez fosse boa ideia contares tudo à tua irmã.
- Claro que pode ser!
- Ah, perfeito! Então e tu? O que tens feito?
Para além de me ter metido numa mega embrulhada, na qual me vou arrepender profundamente um dia destes…
- … Cheguei hoje de Inglaterra.
- Oh, a sério? O que foste lá fazer?
Arranjar um Polícia very hot que me desfaz a cabeça em água…
- … Resumidamente, fui sacar informações ao André Villas-Boas.
- Ah, pois. O novo treinador do Chelsea.
- Hum, a minha irmãzinha informada a respeito das novidades futebolísticas… sim, senhora. Estou deveras impressionada!
Helena riu mais alto.
- Bem, a tua irmã preferida está prestes a mudar em relação a esses temas.
- A sério? Então e porquê?
- Guarda a tua curiosidade nata para o teu trabalho. Só irás saber amanhã á noite.
- Não sei como vou aguentar…
- mordi o lábio.
Ouvi a campainha.
- Quem é? – interrogou a minha irmã mais velha.
Talvez o meu marido?...
Abri a porta e fiz sinal a Derek para ele não abrir a boca. Ele acenou com a cabeça.
- Hum, era publicidade.
- Publicidade a esta hora?
Fiz uma careta.
- Sim, uns rapazes da ZON.
- Ah, okay…
- Então, eu amanhã estou de portas abertas para te receber a ti e à tua pessoa “mistério”.
Ela riu-se baixinho.
- Então, vá maninha, não te empato mais. Beijinhos grandes. Adoro-te!
- Beijinhos. Também te adoro
. – e desliguei.
- Quem era? – perguntou Derek.
- Era a minha irmã, não que te diga respeito, mas pronto.
- O que é o jantar?
Olhei para ele com a sobrancelha esquerda arqueada.
- Salada.
- Boa. Com quê?
- Com salada.
- Só isso?
- Sim, não tenho muita fome.
- Ah, não faz mal. Também não tenho muita fome.
- Hum, ok.
Acabei de por a mesa para mim e pus a tigela da salada no meu individual.
Sentei-me e comecei a comer. Notei que Derek me fitava. Parei de comer e olhei para ele.
- O que foi, rapaz?
- Então e eu?!
- Tu o quê?
- O meu jantar?
Fingi fazer um olhar confuso.
- Não tens mãos?
- Não as vês, é?
- Sabes o que é uma cozinha, não sabes?
- O que raio queres dizer com isso?
- Quero dizer que aqui em casa, se quiseres comer, és tu que fazes a paparoca
. – e abocanhei um bocadinho de atum e alface.
Derek abriu a boca, espantadíssimo. Continuei o meu jantar. Derek virou-se para o fogão e remexia nas prateleiras, tentando encontrar algo comestível, enquanto murmurava pragas.
Abafei uma risada com um pequenino ataque de tosse. (…)
Quando ele se sentou à mesa com uma enorme tigela cheia de cereais Crush com leite, reparei na sua mão esquerda, em particular, no seu dedo anelar. Quase me engasguei com o pêssego careca.
- O que é isso? – questionei, apontando para o dedo. Derek seguiu o meu gesto com o olhar.
- É uma aliança, caso não saibas. Demoraste muito tempo a reparar nela. Uma jornalista não tem que ser minuciosa?
- Tens mesmo de usar essa porcaria?
- Tenho.
Comecei a levantar a minha loiça suja.
- Queres ver a tua?
- A minha quê?
- A tua aliança.
Arregalei os olhos e, outrora o copo de vidro que tinha mão, estilhaçou-se em diminutos vidrinhos, parecendo diamantes a brilharem no chão.
- Que susto, miúda. Olha para isto!
- Eu. Não. Vou. Usar. Isso. Não vou!
Baixei-me e comecei a limpar o chã da cozinha.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Canção de Engate - António Variações

ALMAS DESTINADAS ~ 1º Capítulo

FOI A PROPOSTA MAIS RIDÍCULA QUE ME FIZERAM!2011, Inglaterra
Batalhava com todas as minhas forças por me chegar mais e mais para a frente, vencendo todas as dezenas de repórteres que se amontoavam à porta do hotel, onde André Villas-Boas estava hospedado. Haviam flashes, berros e bastantes Polícias cujo seu principal objectivo era, efectivamente, atrapalhar o trabalho de todos os jornalistas ali presentes. Comecei a avistar a cabeleira farfalhuda e desgrenhada de Villas-Boas, ao sair do Hotel. Comecei a empurrar os jornalistas e as câmaras; não me importava.
- Patrícia, filma isto! – exclamei-lhe. Ela ajustou a câmara, rapidamente.
Ouvia flashes muito familiares aos meus ouvidos da máquina fotográfica da Rita Correia. Estavam todas a fazer o seu trabalho, só faltava eu. Dei asas à minha voz e interpelei:
 - Villas-Boas? Villas-Boas? Sente nostalgia por deixar o FC do Porto?
O novo treinador do Chelsea procurou o meu olhar.
- Guardo o Porto no meu coração. – afirmou, solenemente.
- Qual é a primeira coisa em que pensa, quando o comparam a José Mourinho?
- Orgulho, só posso estar orgulhoso
. – sorrindo ao fazer rugas nos cantos da boca e dos olhos.
- E quanto aos seus antigos jogadores do Porto, nomeadamente: Hulk e Falcão, os melhores goleadores da equipa, deseja voltar a treiná-los, desta vez no Chelsea?
- Isso é um assunto a discutir com os responsáveis do clube.
- Então, pretende comprá-los?
- Há variadíssimos clubes interessados no Hulk e no Ramadel Falcão…
- Exacto; cobiçados também por José Mourinho.
- É natural. Mourinho é um excelente treinador e sabe que eles são muito bons jogadores.
Assenti com cabeça, quando os olhos de Villas-Boas dardejaram por uma saída, diante de imensos jornalistas.
- Muito obrigada, André Villas-Boas. – despedindo-me.
Encarei a câmara.
- Foram, assim, as palavras do novo treinador de Chelsea. Mariza Albuquerque, em Inglaterra para A Bola.Patrícia sorriu e desligou a câmara.
- Perfeito, Mariza. – indicou ela.
Rita Correia (pequenina, de olhos azulados, com um lindo cabelo liso, ainda que agora, por causa do vento, desgrenhado) correu para junto de nós, agarrada à sua amada máquina fotográfica.
- Uau, tirei boas fotos. – comentou.
- Como sempre. – sorri-lhe. – Bom, vamos sair daqui, mas que confusão.
- Sim, sim! – disseram ambas.
Patrícia (alta e robusta, de olhos castanhos esverdeados e com cabelo liso de tons castanhos), ajeitou a câmara e encaminhou-se para o passeio, onde havia ar puro sem euforias, palavrões e empurrões; seguimo-la. Subitamente, ouvi uma voz profunda e sexy ao meu lado.
- Hey, are you from Portugal? – inquiriu um Polícia alto, musculado, com olhos verdes claros, cabelo loiro curto e lábios sensuais e carnudos.
- Yes, why? – questionei, curiosa.
- My name is Derek.
Can I… talk to you?
- Talk to me?! What the hell are you doing with me right now?

Rita Correia e Patrícia riram-se. Pestanejei para o rapaz.
- In private. Can I buy you a coffe?
Matutei um pouco no assunto. Era um Polícia. Mal não me deveria querer fazer…
- Yeah…
- Great, thank you. – esboçando um largo sorriso.
- You welcome, I think… - murmurei. – You know talk portuguese, don’t you?
- Yes, actually, I can speak very well.
- Então páre de falar Inglês.

(…)
- Essa foi a proposta mais ridícula que alguma vez me fizeram!
- Eu sei… se não quiseres aceitar, não levo a mal.
- Só me pergunto porque razão tenho de ser eu! Haviam montes de jornalistas lá fora. Porquê eu?!
- Sei lá…mas aceitas ou não?
- Ouça, Derek, não me está a enganar, pois não? É que se tiver, eu meto-o no Tribunal!
- Não, não, estou a ser bastante sincero.
- E porque razão quer viver em Portugal?
- São assuntos profissionais.
- Que assuntos profissionais?
- Isso é um pouco íntimo, não achas?
- Não, não acho íntimo de todo! Íntimo é uma pessoa completamente desconhecida, convidá-lo para beber um café e perguntar-lhe se aceita casar consigo em Portugal, pois quer residir lá. E o facto de não lhe contar as razões que o levam a tomar tal decisão, isso sim é no mínimo constrangedor! Entende o meu ponto de vista?
- Raios me partam! Jornalistas! Passam a vida a fazer perguntas desnecessárias!
- Primeiro: o trabalho de um jornalista é indispensável a uma sociedade! Segundo: gostava de ver como reagiria se tudo isto se tivesse a passar consigo. Era deveras, encantador, presumo.
- Era encantador se dissesse logo que sim.
- Muito embora esteja mais virada para o não
. – esfreguei a vista, cansada. – Então, vai ou não dizer-me porque quer ir para Portugal? – como vi que ele não estava inclinado para me dizer a verdade, agarrei na minha mala e levantei-me. Ele segurou no meu pulso.
- Não, espera! Calma, está bem? Eu conto-lhe.
Voltei a sentar-me, disfarçando um sorriso traquina ao morder o interior da bochecha.
Eu sou persuasiva (muah ah ah ah).
- Eu quero tirar um Curso de Fotografia em Portugal.
Funguei sonoramente, desapontada.
- Só isso?
- Só isso o quê?
- Não posso fingir que não estou desiludida; pensava que escondia um passado aterrador que faria uma óptima manchete no jornal.
Derek revirou os olhos.
- Então, final answer?
- Pode ser… - encolhendo os ombros, indiferente.
- “Pode ser”? É o melhor que consegues dizer?
- Neste momento, sim.

- É um sacrifício assim tão grande?
- Perdão?
- Admite: sou o noivo mais bonito que alguma vez viste. Queres ouvir mais? Ficas nervosa ao olhar para mim.
Levantei as sobrancelhas. Mas que raio…?!
- A que propósito vieram essas insinuações?
- É um comentário bastante normal.
- Como queiras… - cruzei os braços. – Bom, já que conseguiste o que querias… - levantei-me.
- Quando voltas para Lisboa?
- Amanhã estou às 7 horas do aeroporto.
- Está bem, eu vou já comprar os bilhetes.
- Tu lá sabes… - brincando com um caracol do meu cabelo curtíssimo.
- Assim, encontramo-nos no aeroporto, certo?
- Infelizmente…
- Tens casa?
- Um cómodo apartamento em Oeiras.
- E será que posso lá f…
- Podes dormir no sofá, usufruir da cozinha à vontade e da casa-de-banho. Pagas metade d renda e negócio fechado. Agora tenho de ir. Até amanhã.
- Hey, espera. Como te chamas?
Como te chamas? A sério? Quer dizer pede-me em casamento e só no final da “excelente” conversa é que me pergunta o nome?! Oh, please.
Olhei para trás, mirei-o de alto a baixo e apenas respondi:
- Só agora é que te lembras-te?!E saí do café. Encontrei as minhas amigas sentadas num banquinho.
Começaram logo a perguntar-me o que tinha acontecido.
Suspirei, profundamente, abanei a cabeça e meti um braço em cada uma delas, iniciando a caminhada até ao Hotel onde estávamos hospedadas.

domingo, 3 de julho de 2011

SOULMATES NEVER DIE - 11º CAPÍTULO

- Oh, André, quando é que acordas? Estou cheia de saudades tuas. Tenho saudades das nossas conversas. Tenho saudades dos teus conselhos. Do teu olhar, quando faço porcaria. Do teu olhar quando falo demais, porque sabes que eu sou uma desbocada, digo o que tenho a dizer.
Aproximei mais a cadeira onde estava sentada à cama onde André dormia profundamente.
- A sério, Néné. Abre lá esses olhinhos lindos para eu te contar as novidades.
Suspirei e fiz-lhe festinhas nas bochechas pálidas.
- Sabes... aconteceu-me uma coisa forte... fui... fui quase violada. CALMA! Não te preocupes eu consegui escapar. Só que não estava assim muito bem e fui parar à estrada e surpresa das surpresas? Foi o Javi que me encontrou. Acordei na casa dele e ele chamou um médido.
Pois, não gostei muito, porque eles descobriram o que me tinha acontecido.
Yah, eu sei, foi uma enorme sorte ter encontrado o Javi... Ah e em relação ao Javi... eu não sei... acho que estou a sentir algo por ele...algo que não é amizade...
O quê?! Achas que é amor? Hum, não sei, será? Sei que ele (não sei bem como) me faz corar e faz-me sentir bem por dentro, fico em Paz, mas também fico nervosa. Eu nunca me senti nervosa em relação a um rapaz... nunca mesmo! Ai, Néné, achas mesmo que me estou a apaixonar? Ele é tão bom para mim, sinto-me tão feliz quando estou perto dele e quando não estou, sinto-me vazia, como se ele tivesse levado um bocado de mim, quando se foi embora.
De repente, ouvi uns passos pertíssimo de mim. Virei-me para trás e levantei-me apressadamente.
- Javi? Há quanto tempo estavas aí?
- El tiempo suficiente. – afirmou ele com duas sandes mistas e duas latas de sumo de laranja nas mãos.
- O que queres dizer com isso? – perguntei um pouco nervosa ao ouvir a sua voz mais aveludada e sedutora.
- Quiero decir lo he oído todo.
- Mas tudo o quê? Eu não estava a dizer nada...
- No más mentiras! Escuché lo que dijo sobre mí.
Eu ía começar a contra-argumentar, se não estivesse tão nervosa, tão sem saber o que dizer, tão tosta e a gaguejar daquela maneira.
- Não, mas eu não... qu-quero dizer, eu não... não era bem esse o significado... ou melhor não era isso que eu quis dizer... era mais... hum, não... era do género...
- Cállate! – exclamou ele, aproximou-se de mim, agarrou na parte detrás do meu pescoço e esmagou os seus lábios contra os meus. Fiquei louca com o pequeno encostar de lábios. As minhas mãos subiram-lhe até à crista do cabelo, fixa com gel.
Beijámo-nos intensamente, mas queríamos mais. Sem querer (acho eu), Javi deixou cair as sandes e as latas de sumo no chão. O que fez um barulho desgraçado.
Mas não me importei minimamente. Continuei-lhe a desgrenhar o cabelo e ele a puxar-me mais para ele com a mão na minha cintura.
Subitamente, ouvi um murmurio.
- ... Mariza....Apenas e só apenas aquela voz me faria parar o que estava a fazer.
Apenas e só apenas aquela voz me faria olhar para a esquerda e dar de caras com quem o meu coração sentia tremendas saudades.
Apenas e só apenas aquela voz me faria chorar baba e ranho, como estava a acontecer naquele preciso momento.
- ANDRÉ, ANDRÉ, ACORDAS-TE!
- Pois foi. Fiquei tão entusiasmado com as novidades que não pude não acordar.
- OH MEU DEUS! Tu ouviste tudo?
- Claro.
- Oh, André! Amo-te tanto, rapaz! – comecei a enchê-lo de beijos: nos olhos, nas bochechas, no nariz, na testa...
- André, bueno tenerte de vuelta! – exclamou Javi a meu lado.
André olhou-o com desdém. Fiz cara de “ele não merece isso”. André encolheu os ombros.
- Não podia ter acordado em melhor altura. Foi muito carinhoso da tua parte, Javi, teres dado sumo de laranja aos bichos rastejantes daqui, mas sabes que mais? Acho que aqui não há nenhuns.
- Hey, hey. Vamos lá acalmar. André precisas de descansar, não estás a dizer coisa com coisa. Eu vou chamar uma enfermeira.
- No, lo haré. – disse Javi, quando saiu do quarto.
Os meus olhos seguiram todos os seus movimentos e quando abandonou o quarto, olhei para André.
- Foste mauzinho! Ele não merecia nada disto. Ele tem-te apoiado bastante.
- Sim-sim, acho que isso é mais devido a ti.
Sorri-lhe.
- Bom, quando é que poderei sair daqui?
- Estás a brincar? Agora tens de te recuperar. Ainda tens de ficar cá, para o teu bem.
A enfermeira entrou.
- Desculpe, menina, mas vai ter de sair. Precisamos de fazer exames ao Sr. Santos.
- Ah, sim claro. -  peguei na minha mala. – Não faças disparates e obedece. – dei-lhe um beijinho na testa e fui-me embora.
Encontrei Javi na sala de espera.
- Temos de falar.
- Bueno.
- Javi... tu tens uma namorada, no entanto, beijaste-me. Porquê?
- En primer lugar, estoy solo. Mi ex-novia ha cambiado mucho y no me gustó el cambio. En segundo lugar, me enamoré por ti. Y tú también, verdad?
- Sim...
- Así que tenemos que permanecer juntos.
Olhei-o profundamente. Ele parecia mesmo sincero; acreditei nele e assim também acreditei que o nosso amor era possível.
- Eu acredito em nós. – disse-lhe ao chegar-me mais a ele.
- Y yo también.
Beijámo-nos, selando o nosso amor.
(Passadas duas horas)
- Mariza?! Tu foste mesmo violada?! – berrou André.
- Calma! Não. Eu consegui fugir dele.
- Cabrão, pá! Apetece-me ir lá à tua escola e espatifá-lo!
- Credo, André. Não conhecia essa tua faceta de gajo furioso e malévolo. – ri-me.
- Fico assim quando se metem com a minha melhor amiga.
Oh, que fofo (pensei). Fiz-lhe olhinhos ternos.
- Mas esse Ricardo não foi o único a meter-se contigo...
A princípio não entendi, mas quando vi a sua expressão amarga, compreendi.
- Ah, pois não.
- Aquele espanhol roubou-te mesmo o coração! Olha-me esse sorriso, essas bochechas coradas, esses olhos brilhantes!... Imagino esse coração... deve bater a 180, não?
Ri-me: - Quase. Hey, não lhe chames “Espanhol”.
André esbugalhou os olhos e descaiu o queixo.
- Não lhe chamo espanhol?! Tu sempre o trataste por Espanhol!
- Sim, mas as coisas mudaram, Néne.
- O que podia mudar era esse cheiro a tabaco!
Mordi o lábio.
- Desculpa. Estava nervosa e...
- Pois, mas isso não é desculpa!
Sem saber como e/ou porquê, disse-lhe:
- Tens razão.
Fiquei um pouco a pensar, fitando os lençois brancos. Quando voltei a olhar para André, ele já tinha adormecido. Depositei-lhe um beijinho na testa e saí do quarto.
Fui à sala de espera; Javi levantou-se e dei-lhe a mão.
Quando estávamos cá fora, antes de entrar no BMW preto, procurei um caxote do lixo e quando o encontrei, agarrei no maço de cigarros que estava dentro da minha mala e deitei-o fora. Javi olhou para mim, claramente orgulhoso.
Apertámos mais as nossas mãos.
(Um mês depois)
Estava na sala, sentada no sofá, super aborrecida, quando toca o meu telemóvel ao som de Coulda Be Loved de Bob Marley. Olhei para o ecrã e sorri.
- Hola! – exclamei.
- Hola, qué haces?
- Nada de nada. Uma tristeza de tarde. A minha tia está a trabalhar e a minha prima está na escola.
- Quieres dar un paseo a Sintra?
- Sintra?! Já tanto tempo que não vou lá.
- Perfecto. Date prisa. Llevar calzado cómodo. Estoy aquí en 15 minutos.
Levantei-me, atrapalhada.
- Tão rápido! Já saíste de casa?
- Ya.
- Então, como sabias que aceitava o teu convite?
- Yo te conozco. No se resiste a las invitationes.
- Convencido!
- Apasionado!
Após esta exclamação,fiquei mesmo sem saber o que contra-arugumentar. Ele era assim. Fazia-me esquecer qualquer boa resposta que tinha para dizer.
- Está usted con la boca abierta?
Fechei a boca.
- Obviamente que...
- Sí?
- Não!
Javi riu-se.
- Usted sabe que es verdad.
- És louco!
- Sí, por ti.
- Vá, Javi. Tenho de me despachar!
- Diez minutos.
- Ai, que mauzinho!
- Pensándolo bien, es de cinco minutos.
- Cinco? Podiam ser seis.
- Por qué seis?
- Porque 6 é um número bonito.
- Interesante... cuatro.
- Ai, estás a deixar-me ansiosa!
- Ansiosa? Por qué?
- Porque...ora...
- Sí...?
- Pronto, caramba! Estou ansiosa por te beijar.
- Uff, buena.
- Então, porquê?
- Porque tenía miedo de estar solo en tener esta ansiedad.
PUMBA! Outra que me deixou sem palavras.
- Agora a sério, Javi. Vais ter de esperar um bocadinho. Não estou vestida.
- No me importa que venga en ropa interior.
Foi a terceira que me matou.
- JAVI?!
Ele riu-se alto.
- Estoy bromeando. Por desgracia, tuve tráfico. Usted debe tener viente minutos para que usted prisa.
- Oh, que pena. Bom, vou então despechar-me. Amo-te muito.
- Te amo mucho mas.
Desliguei o telemóvel com um largo sorriso.
Vesti-me desportivamente. Optei por uns ténis confortáveis, uma camisola de gola alta preta para combater o frio de Janeiro e uns jeans escuros.
Tocaram à campainha. Devia ser o Javi. Abri a porta com um belo sorriso estampado nos lábios carnudos. À minha frente apareceu um sujeito alto e magro, com o cabelo castanho escuros e olhos num incrível e familiar tom verde musgo.
- Sílvia Ventura? – interpelou o homem.
Fiquei chocadíssima!
- Como sabe o nome da minha mãe?
(...)
- Oh, és a Mariza?
- Desculpe, mas com que fundamento é que você – um desconhecido – bate a esta porta, diz o meu nome e o da minha mãe?!
- Eu... o meu nome é Gabriel. Gabriel Ventura.
- O quê?!
- Eu sou teu tio, Mariza. Sou irmãos da tua falecida mãe.
- Impossível! A minha mãe não tinha nenhum irmão. Eram apenas ela e a minha tia Sara.
- Fui sempre afastado da família, mesmo não tendo a mínima culpa.
- O que está apara aí a falar?!
- Posso entrar?
- Não!
- A tua tia está em casa?
Hesitei ao responder.
- N...não.
- E a Dalila?
Como sabia ele o nome da minha prima?!
- Não...
- Estás sozinha?
- Sim, mas por pouco tempo. Tenho um compromisso.
- Não faz mal. Eu não te tomo muito tempo. Posso?
- NÃO! EU NÃO O CONHEÇO DE LADO NENHUM! – e fechei a porta com toda a minha força. Encostei a cabeça à porta com os olhos fechados. Gabriel Ventura? Meu tio? Impossível!... mas como sabia ele o meu nome, o da minha mãe, o da minha tia e o da minha prima? E porque tinha ele os olhos da mesma cor que os meus?
Abri a porta de repente. Ele ainda lá estava, encostado ao corrimão com a cara tapada pelas mãos.
- É mesmo um Ventura?
Ele virou-se para mim e sorriu.
- Não se vê logo? – apontando para os seus olhos. Mordi o lábio e deixei-o entrar. (...)
- O QUÊ?! Oh, meu Deus! A vossa história parece um romance trágico.
- A tua avô nunca aceitou o amor da tua tia por mim.
- E o tio não sabia de nada?
- Não, só comecei a suspeitar, quando a Sara me começou a fazer a vida negra... a mim e à minha esposa.
- Que horror!
- Mas depois, a tua avô metia as culpas em cima de mim. Ela pensava que eu andava a trair a Luísa (a minha esposa) coma minha o própria irmã. O que era, obviamente mentira.
- Como foi a tia Sara capaz?! É por isso que a Tia Madalena (a irmã do meu pai) nunca gostou da Tia Sara. Sempre me disse que a Dalila era uma má influência para mim e sempre odiou a Sara.
- Ah, a Madalena... aos anos que não a vejo.
- Conhecem-se?
- Claro, até éramos bons amigos.
- Báh, cada vez está mais chata!
- Quantos anos já tem ela?
- Fez 69 há dois meses.
- Hum.
- Mas, Tio, porque razão sóa agora me veio contar tudo isto?
- Não sei bem. Acho que só agora tive coragem para enfrentar o passado.
- Eu vivi em mentira todos estes anos...
- Desculpa, querida.
- A culpa não é sua... a culpa foi de quem estava presente e não me disse nada.
- Bom, já te roubei muito tempo. Estavas à espera de alguém, não é verdade?
- Sim, do meu namorado.
- Quero conhecê-lo.
- Espero que oportunidades não faltem.
- Toma o meu cartão para o caso de queres passar uns dias connosco. A Inês está ansiosa por te conhecer.
- A Inês?
- A minha filha. È um ano mais nova do que tu.
- Tenho uma nova prima?
- Sim. – sorrindo.
- Oh, que bom. Quero conhecê-la. Onde moram?
- Em Vila Moura.
- No Algarve? – perguntei, curiosa.
- Sim.
- Hum, está bem. Em breve ligo. (...)
Dirigi-me ao quarto de hóspedes. Abri o armário e atirei toda a minha roupa para cima da cama. Tocaram à campainha. Abri a porta sem fitar quem era. Voltei ao quarto, não me dando ao trabalho de limpar as grosas lágrimas que escorriam pela minha face.
- Qué pasa, amor? – interrogou Javi atrás de mim. Comecei a dobrar a roupa e a metê-la nas malas. – Por qué estás de embalaje? Mariza? Mariza?! – chamou ele, agarrando no meu pulso, virando-me para a sua frente. Mirei o colarinho da sua camisa, evitando o seu olhar. – Mariza, por favor. Dime qué pasa!
Funguei.
- Posso ir para tua casa?
- Claro. Claro que sí, carinõ, pero por qué?
- Explico-te quando chegarmos, pode ser?
- Muy bién. Quieres ayuda?
- Sim, obrigada.
Javi levou as malas para o carro e abriu-me a porta para que entrásse. Sentei-me muito encolhida contra a porta e vidro do meu lado. Ligou o carro e partimos para Oeiras.
Chorei durante todo o caminho, enquanto a mão direita do meu namorado repousava na minha perna, dando-me forças. Chegámos à vivenda. Transportámos as malas junto à entrada e Javi abriu a porta. Disse-me para ir para a sala e aguardásse por ele. Assim o fiz. Sentei-me de pernas cruzadas no sofá, com o cabelo á frente dos olhos. Javi voltou com uma caneca na mão. Entregou-ma e graças ao cheiro, identifiquei de imediato, ser Chá Princípe. Agradeci e dei uns fortes goles.
- Ahora, dime.
Suspirei.
- Nem fazes ideia do que aconteceu enquanto estive à tua espera.
- Qué pasó? Qué pasó?
-Bateram à porta, até pensei que fosses tu. Abri e o homem pergunta se sou a Sílvia Ventura.
- Tu madre!
- Exacto. Perguntei-lhe como sabia o nome da minha mãe e ele faz outra pergunta: És a Mariza? Bem, eu passei-me! Depois ele disse que se chamava Gabriel Ventura. Afirmou ser meu tio. Queria entrar para falarmos, mas eu dei-lhe smepre para trás. Só que comecei a juntar as pecinhas do puzzle e a última peça eu não podia negar: ele tinha a mesma cor dos meus olhos.
- Son hermosos.
- Bem, conversámos imenso e fiquei chocada com tudo o que ouvi...
- Sí?
- Ele é mesmo meu tio, mas foi como que banido da família.
- Qué?
- Sim.
- Por qué?
- Porque a minha Tia Sara estava apaixonada por ele.
- Hermanos?
- Pois, mas o meu tio nunca a quis, aliás ele namorava com a sua actual esposa, a Luísa. Só que por vinganças e ciúmes, a minha Tia contava mentiras à minha avó. Até disse que o meu tio a tentou beijar à força e outras... coisas... – a palavra “violação” ainda me era sensível, mas eu sabia que Javi tinha compreendido.
- Qué horror!
- Pois, eu sei. E pronto, a minha avó acreditou em tudo e excluiu o meu tio. Portanto a minha tia mentiu-me! Vivi na sombra da mentira. Javi deu-me a mão e fez-me festinhas nos dedos.
- No’ll llamar a su tía?
- Não, pelo menos por enquanto...
- Pero debes.
- Eu hei-de ligar, mas não hoje.
O meu telemóvel  vibrou no bolso das calças, Era a Dalila. “Olá. Cheguei da escola e não estavas cá. Saíste com o Javi?” Li o sms em voz alta. Passados uns segundos, li outra: “Piminha, estás a preocupar-me! Porque é que ñ tens roupa no teu armário? Responde!!!” Olhei para Javi e ele fez o seu melhor olhar de “devias ligar-lhe”.
- Not today... not today.
Continuei a beber o chá, aninhada no colo do meu namorado. Ficámos um bom bocado em silêncio. Ele brincava com o meu cabelo e eu com as chapinhas do seu colar. Subitamente, o estômago de Javi queixou-se com fome. Enroguei a testa e tirei o telemóvel do bolso; Marcava 20 horas.
- Oh, coitadinho do meu amor. – levantei-me e fui à cozinha.
- Qué haces?
- Estás cheio de fome. Vou preparar o jantar. – Javi foi atrás de mim e rodeou a minha cintura.
- No, no. Te voy a sentar en el sofá para descansar.
- Mas tu estás mais cansado do que eu.. aliás, eu não estou nada cansada, estou cheia de energia e pronta a fazer um bacalhau à brás que eu sei que tu A-D-O-R-A-S!
Javi riu-se.
- Yo estaba pensando en hacer una cena con amigos mañana por la noche. Invitado Roberto y Marta, Saviola y Romanella e Salvio y Magali.
- Oh, a sério?
- Sí... qué pása? No te gusta la idea?
- Não é bem isso...
- Entonces?
-. É só que... não sei se sou boa nesses “convivios”. Tenho medo de fazer figuras, percebes?
- Qué?
- Sim, Javi. Tenho medo que não gostem de mim. Ainda por cima, sou portuguesa, ou seja, não seifalar Espanhol.
- Sí, pero tu entendes nuestro idioma.
- E achas que eles me entendem a mim?
- Sí, claro. No hay ninguna rázon para tener miedo. Pero algo me dice que eso no es todo.
Olhei para ele; já me conhecia bem.
- Óh, pá! Pronto! Elas são todas lindas! E eu não sou nada de especial. Se calhar... se calhar não sou boa o suficiente para ti.
- Pero que tonta! Eres hermosa! Has oído? Lo mejor que me pasó a mí fui a encontrar, porque desde esa tarde  en el Parque de las Naciones que no puedo dejar de pensar em ti. Por lo tanto, manãna vamos a preparar la cena juntos.
Olhei para ele, prestes a derreter com aquelas palavras.
- Fazes-me um favor?
- Todo lo  que quieres.
- Passas-me o avental, por favor?
Javi fez cara de menino traquina, mas foi buscar o avental. Ajudou a pôr-mo; foi para trás de mim e apertou-o. Respirei com dificuldade. Ainda atrás de mim, encostou o seu queixo na minha clavícula esquerda e murmurou ao meu ouvido:
- Algo más?
- Sim, se não for muito incómodo.
- Dime.
- Beijas-me? – interroguei, virando ligeiramente o pescoço. Ele sorriu e encostei os seus lábios nos meus. Assim que regressámos à Terra, começámos a preparar o jantar.
Javi gosotu muito da comida; tal como eu suspeitara, ele estava faminto. Terminada a refeição, transportei a loiça suja para o lavaloiças. De repente, comecei a pensar que tinha de começar a procurar uma casa para viver.
- En qué estás pensando?
- Hum, em nada de especial. Amanhã, assim que sair do trabalho vou procurar uma casa.
- Una casa? Por qué?
- Então, tenho de viver nalgum lado. Saí da casa da minha Tia Madalena, saí da casa da minha Sara... para debaixo da ponte não vou.
- Usted me ofende.
- Perdão?
- No te das cuenta, verdad?
- Hum... não.
- Mariza, tu ahora estás aquí.
- Pois estou, Javi. Eu pedi para ficar uma noite em tua casa. Não uma semana.
- Todavía no lo entiendes. Usted no va a salir de aquí. Te quiero aquí a mi lado. Yo quiero que seas la primera persona que veo en la mañana. Quiero que seas mi compañía.
Siempre!
Engoli em seco.
- Só tu para iluminares assim a minha vida.
Entrelacei os meus braços no pescoço dele e beijei-o, calorosamente. Javi pegou-me ao colo e sentou-me na bancada. Tirei-lhe a camisa e percorri os seus músculos do peito, abdómen e costas com as mãos. Já estava em soutiã, quando Javi me levou para o seu quarto.