Two Become One (4 - ÍRIS)

- Eu sou como o pai que nos abandonou!
Ao ouvir isto, fiquei ainda mais confusa. Porque estava ele a falar do nosso pai?!
O nosso pai, quando eu tinha oito anos de idade, deixou-nos por já não amar a nossa mãe. Eles não tinham um casamento fácil, contudo, nunca soubemos ao certo porquê. Até nove anos se passarem… Quando ele nos veio visitar, estava acompanhado por um homem… Vinham de mãos dadas e com sorrisos ternos na face…
- Estás a dizer-me que és…? – Comecei por formular a questão, até Matt me interromper.
- Gay? – Disse ele. Parecia enojado com a própria palavra. Acenei com a cabeça.
- Sim, Lorelei! Eu sou gay.
Pisquei os olhos. Depois tapei a cara com ambas as mãos com o intuito de esconder as lágrimas que inundavam os meus olhos. Pouco depois, ri histericamente.
- Lorelei? Estás bem?! – Interrogou ele, claramente preocupado.
- TENS NOÇÃO DO SUSTO QUE ME PREGASTE?! EU PENSEI MESMO QUE ESTAVAS DOENTE! DURANTE TODO O DIA TEMI O PIOR!
- E eu estou doente!
- CALA-TE! Ser-se homossexual não é uma doença, Matt! O que é que isso interessa?! Para mim continuas a ser o meu mano adorado mais velho!
- My mama told me when I was young
We are all born superstars
She rolled my hair and put my lipstick on In the glass of her boudoir
There's nothin' wrong with lovin' who you are
She said, 'cause He made you perfect, babe
So hold your head up, girl and you you'll go far
Listen to me when I say
You’re beautiful in your way 'Cause God makes no mistakes
You’re on the right track, baby You were born this way!

Don't be drag, just be a queen
Whether you're broke or evergreen
You're black, white, beige, chola descent
You're Lebanese, you're orient

Whether life's disabilities Left you outcast, bullied or teased
Rejoice and love yourself today 'Cause baby, you were born this way
No matter gay, straight or bi Lesbian, transgendered life You’re on the right track, baby You were born to survive
No matter black, white or beige Chola or orient made
You’re on the right track, baby You were born to be brave
Parei de cantar e aproximei-me dele.
- Então, eu… não te repugno?
Suspirei. Sentei-me no seu colo e agarrei-lhe a cara nas minhas mãos, encarando os seus olhos doces.
- Como é que isso poderia acontecer?! Eu amo-te! Tu e o Ian são a minha família. Eu vou sempre estar aqui para o melhor e para o pior. Irei sempre proteger-vos e olhar por vós. Eu sei que sou um pouco doida – Ri-me. – Digo coisas disparatadas, sem pensar e comporto-me como se fosse uma recém-adolescente, mas podes contar comigo. Hoje e sempre. E pressinto que me queres dizer algo mais. E quase que me atrevo a apostar que sei o que é.
- Será que sabes? – Esboçou um sorrisinho. Os seus olhos também estavam inundados de lágrimas. Fiz que sim com a cabeça.
- Queres viajar. Precisas de viajar.
- Uau! As sereias também têm poderes de vidente? – Abraçou-me firmemente.
- Não. Esta sereia apenas conhece muito bem o seu maninho. Quiseste viajar quando o pai se foi embora e também quando…
Matt interrompeu o abraço e fitou-me. A sua expressão facial fez-me silenciar os lábios. Clareei a garganta.
- Qual é o destino desta vez? – Quis eu saber, mudando de assunto ao mesmo tempo que desanuviava o ar.
- Espanha.
Arqueei as sobrancelhas.
- Espanha?
- Espanha! – Exclamou, muito mais bem-disposto.
Comprimi os lábios e encolhi os ombros.
- Vou a Madrid conhecer a nossa restante parte da família.
- Ai sim? Sabes falar com eles? – Abri os olhos, espantada.
- Sim, sei umas coisitas de Espanhol… O que dizes?
- Hum… ah… Acho muito inesperado. – Ri-me. – Vai! – E desenhou-se um largo sorriso na minha fronte.
- Queres vir comigo?
Abri a boca, chocada com a pergunta.
Eu? Viajar? Com o Matty? Para Espanha?
O que me impedia de ir?
- Eu… não posso, Matty. O Ian fica cá sozinho…
- Ele tem a Nina.
- Não menciones o nickname dela, se faz favor.
Ele riu-se.
- A Olivia também fica cá e… o Chris…! Ele vai começar a gravar o segundo filme do Capitão América na próxima semana e…
- Mais me ajudas! Vocês mal se vão ver!
- Sim, mas acho que não seja muito boa ideia. Eu ir viajar sem ele… sabes com ele é.
- Não tem confiança em ti! – Exclamou ele.
Matt e Chris davam-se bem, porém o meu irmão não gostava muito da forma como o meu namorado me tratava; era muito possessivo e desconfiado. Matt não percebia porque é que eu ainda estava com o Chris, pois o primeiro gostava que eu fosse livre e fizesse o que bem me apetecesse. Eu era livre, certo? Não podia ir a mais nenhum bar que não fosse o Me&You, tinha de informar o Chris sempre que saia da minha rotina quotidiana, mas não tinha nada de mal, certo? Não estava enjaulada, pois não?
Na opinião do meu irmão mais velho, eu quase usava uma trela desde o início do meu namoro com o Chris. No entanto, ele ajudou-me muito numa altura que eu precisava de voltar a sentir carinho. Ele deu-me o que eu precisava.
E eu estava perfeitamente feliz com ele.
A conversa com Matt prolongou-se e deu-me muito em que pensar.
O meu irmão partiria na manhã seguinte às 6h00. Tinha avião uma hora depois.
Acordei às 10h00.
Já estava habituada às nunca-despedidas do meu irmão.
Tomei banho e vesti-me. Comecei a andar de um lado para o outro dentro do meu quarto.
Pronto! Tinha tomado uma decisão!
Peguei na mala, nas chaves e saí de casa.
- TÁXI! 

Liguei uma quinta vez para Chris, sem sucesso; não me respondeu.
Gravei-lhe uma mensagem de voz:
- Quando ouvires esta mensagem, liga-me, se faz favor. Precisamos mesmo de falar. Beijinhos.
Desliguei o telemóvel, paguei ao taxista e corri para o apartamento Morgan.
Subi as escadas e bati à porta. Nada. Bati outra vez com mais força.
Toquei à campainha e, segundos depois, Joseph Morgan abriu-me a porta.
- Bom dia, sweetheart! – Exclamou ele, dando-me dois beijinhos nas bochechas. Tinha o cabelo despenteado. Trazia um T-shirt e umas boxers minúsculas vestidas. Geez!
- A Olivia ainda está a dormir? – Perguntei-lhe, entrando.
- Seria impossível, Loreli! Tanto chinfrim! Como sempre sabes fazer uma good entrance. – Comentou a minha amiga. Rimo-nos e abraçámo-nos.

- Então, o que te traz por cá, tão cedo? – Exigiu ela saber.
Mordi o lábio e olhei de esguelha para Joseph, o irmão de Olivia.
- Okay-okay! Já percebi! – Riu-se com os braços levantados no ar, rendendo-se ao deixar-nos sozinhas na sala de estar.
- Girl’s talk! – Dissemos em coro. 

- TU QUERES O QUÊ?! – Berrou Olivia.
- Foi isso mesmo que ouviste!
- Mas não podemos deixar tudo e ir para Espanha!
- Oh, come on! Precisamos de nos divertir.
- Mas nós fazemos isso todos dias.
- Estou a falar de diversão a sério! Sem sermos controladas por namorados que temem que ser-lhes infiéis!
- Referes-te a “sem” o Chris, o teu namorado.
- Sim, mas não só! Também estaremos livres e sem pressão dos irmãos que beijámos apaixonadamente!
Olivia tapou-me a boca com incrível rapidez.
- Essa foi baixa, Loreli! Sabes que o que aconteceu entre mim e o Joseph foi um acidente. Um impulso estúpido e sem explicação.
- Bem sei e também sei como ficaste transtornada com essa situação! Não és a mesma Olivi que eu conheci há dois anos atrás. Precisas de ventinho fresco na tua vida!
- Hum, fresco… Espanha é um país quente… especialmente no Verão.
- Ora, assim o dizem cara amiga. C-A-L-I-E-N-T-E!
- E o meu trabalho?!
Revirei os olhos.
- O Me&You é um sucesso e os teus empregados são de bastante confiança, sabem desempenhar bem o trabalho deles. Além disso, o Joseph pode ir passando por lá e ver como é que as coisas estão a correr.
- Não sei não, Lorelei…
- Oh, para de ser casmurra! O que pode acontecer de mal a duas gajas super giras em Espanha por duas semanas?! Hum?!
Vi-a morder o lábio. Posicionou uma mecha do seu cabelo loiro por detrás da orelha e mexeu os lábios.
- Está bem! – E sorriu.
- A sério?! – Quase gritei.
- Hum-Hum!
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – Saltei-lhe para cima.
- VAMOS PARA ESPANHA. VAMOS PARA ESPANHA!

 

Lorelei de manhã

 

Olivia de manhã