quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Give Yourself To Me (3)


Quando o jogo acabou (o Real Madrid ganhou ao Saragoça), deixei-me ficar sentada na cadeira da bancada onde me encontrava. Senti o telemóvel vibrar, alguns minutos depois.

Vem ter comigo ao balneário daqui a vinte minutos. S.

Ir ter com ele ao balneário?! Estava doido?! Eu não podia lá entrar! Ou podia…?
Vinte e um minutos depois, encontrava-me à porta do balneário.
Não sabia de havia de bater à porta ou não, por isso enviei-lhe uma mensagem.

Estou à porta do balneário. N.

Entretanto, abriu a porta. Não sei porquê, mas fiquei corada. O que era uma estupidez, visto que já estava intimamente com aquele pedaço de homem há cerca de três semanas.
[ Britney Spears – And Then We Kiss ]
Os meus olhos deliravam ao comtemplar aqueles peitos e todos aqueles músculos definidos e suados.
- Oh, ainda bem que estás aqui…
Murmurou, pegando-me pelos pulsos ao quebrar a distância entre nós.
- Estava cheio de saudades tuas!
- Estavas… com s-saudades minhas?
Consegui perguntar por entre os nossos beijos.
- Hum-hum! Tu não tinhas saudades minhas?
Os meus lábios separaram-se e os meus olhos pestanejaram perplexos.
Queria mesmo responder àquela pergunta?
Uma parte de mim queria fazê-lo e ser honesta.
A outra parte queria fingir que não tinha ouvido a interrogação, ou queria pensar que era uma pergunta retórica, mas ambas queriam camuflar uma realidade.
Optei por dar ouvidos à segunda parte do meu ser: a cobarde.
A Cobarde queria apenas desfrutar daquele momento, porque sabia que aquela paixão não ia durar muito mais tempo; que mais tarde ou mais cedo iria ser trocado por uma modelo linda, uma jornalista espanhola (enfim!).
Portanto, queria mesmo pensar muito no assunto? Não! Carpe diem!
[ Birdy – Shelter ]
Enquanto, Sergio me despia, me pegava ao colo, dirigindo-nos aos polibãs do balneário, eu filosofava sobre… ele.
Estava claro como água que ele não gostava da teoria, nem tinha jeito para palavras, muito menos para romances onde abundassem flores, corações, cartas de amor e um jantar à luz das velas… Não, ele não era nada do género.
Em vez disso, gostava da prática, do silêncio interrompido por murmúrios e suspiros e de uma boa e escaldante dose de sexo.
Está bem, está bem! Eu compreendo, a sério que sim!
Era a forma em como ele se sentia mais confortável em “comunicar”, ou melhor dizendo, de conectar.
Eu – Nathaira MacNeil, órfã e estudante universitária do curso de Línguas, Literaturas e Culturas – sabia exactamente em como ele era bom em comunicar assim.
Era a forma de ele conectar com a pessoa com quem está, de momento.
E eu gostava tanto, tanto da forma como conectávamos…
Mais tarde, dormimos em casa dele.
[ The XX – Angels ]
Eram oito horas da manhã e eu já estava acordada há algum tempo.
Estava virada para Sergio; observava-o.
De repente, este inspirou profundamente, acordando de um sono igualmente profundo.
Piscou os olhos e fitou-me.
- Bom dia. Dormiste bem?
- Sim, dormi muito bem! Já estavas acordada, tão cedo?
Encolhi os ombros.
- Que posso eu dizer? É o hábito de me levantar bastante mais cedo para ir à Faculdade.
- Ah, pois sim. Esqueci-me que estavas a estudar.
Mordi o lábio. Eu já lhe tinha dito…
- E o que pensas que estavas a fazer?
Fiquei confusa com a questão.
- Hum… estava a… olhar para ti…
- Porquê?
Porquê?! Que pergunta mais parva!
- Porque… não sei!
- Bem, não voltes a fazê-lo. A olhar fixamente para mim desse modo, digo.
- O quê?!
- Foi o que ouviste! Não gosto. Faz-me sentir desconfortável.
- E importas-te de me explicar por que razão?!
- Porque… faz-me sentir algo diferente dentro de mim. Não quero!
Mirei-o com escárnio e até nojo.
- És demais!
Exclamei, enfurecida. Agarrei no lençol e comecei a enrolar-me nele.
- Hey! Onde pensas que vais?
- Vou-me embora! Tenho mais que fazer do que aturar as tuas infantilidades.
Vesti-me e sai porta fora.
Porquê? Para quê continuar nisto?!
Agora já não posso olhar como bem me apetecer?! E já agora… de que forma é que eu o olho?
De repente, ouvi uma vozinha dentro da minha atulhada cabeça:
Olhas para ele de forma apaixonada e isso, desarma-o por completo. Amolece-lhe o coração. Ele não gosta que tu o faças, pois não sabe como lidar com a situação. Provavelmente, nunca sentiu o que tu o fazes sentir…
[ The Pretty Reckless – You ]


 
 

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