Estava na casa dele e tentava estudar para uma
frequência importante que iria ter na próxima semana. Porém, ele fazia de tudo
para me distrair.
Saiu do banho com a cintura enrolada a uma minúscula toalha branca. Ainda tinha
a pele molhada, assim como o seu cabelo, o que lhe conferia um ar ainda mais
sexy do que o já tão habitual. Nos seus braços completamente tatuados
destacavam-se aqueles músculos fortes e definidos que tinham o poder de me
deixar definitivamente sem ar.
Pisquei os olhos e tentei abstrair-me da imagem gloriosa de um Deus potente à
minha frente. No entanto, os meus olhos, em vez de se fixarem no livro e no
caderno de apontamentos que tinha no colo, decidiram seguir o rasto daquelas
pernas trabalhadas e daquele rabinho já não mais escondido pela toalha, pois
ele tinha-a deixado cair de propósito pelo caminho até à cozinha. Ri-me
baixinho e revirei os olhos, mas no momento seguinte, mordi a bochecha e fiz um
ar sério. Sem fazer barulho, levantei-me do sofá confortável e luxuoso e
dirigi-me à cozinha.
Ele estava junto à bancada de costas voltadas para mim. Tinha um copo na mão.
Decidi entrar no jogo e liguei o rádio.
[ Shakira – Loba ]
Vi como o seu semblante ficara rígido.
Caminhei até à fruteira em cima da mesa e tirei uma laranja. Cortei-a ao meio.
Tomei uma metade na minha mão. Espremi-a sob as suas costas tentadoras. A sua
garganta rosnou – um som que me inflamava dos pés à cabeça. A minha língua
começou a trabalhar, sugando o sumo nas suas costas. Hum…
Tornei a espremer, até vê-lo com as mãos agarradas ferreamente à bancada.
Estava quase, pensei. Faltava pouco para ele ser meu, outra vez.
As minhas mãos subiram e massajaram os seus ombros. Coloquei-me em bicos de
pés. Lambi-lhe o lóbulo da orelha esquerda e, se seguida mordi-a. Foi o
suficiente.
Virou-se tão de repente e tão cheio de paixão e desejo que mal me apercebi da
dor que senti quando as minhas costas bateram contra as coisas em cima da mesa.
Como ele viu que me maguei um pouco, afastou os pratos, fruteira e afins que lá
estavam em cima. O som dos vidros a baterem no chão apenas me enlouqueceu ainda
mais. Ataquei-lhe a boca, enquanto a dele queria levar a melhor da minha. Era
sempre uma luta muito renhida. O meu corpo delgado e definido já não estava
tapado pelo robe de cetim. Os lábios dele estavam em todo o lado. Oh céus! Sê misericordioso! Não prolongues a
minha dor! Oh, eu já estava tão… pronta! E, entrou em mim.
As minhas ancas e pernas enrolavam-se à volta da sua cintura, permitindo maior
profundidade e proximidade. Gemia o seu nome e ele o meu. E lá estava eu a
pedir que ele aumentasse o ritmo e a sentir algo a construir-se dentro de mim.
Até que, com um berro, explodi em mil pedaços e ele seguiu-me. Caímos ainda
unidos no chão da cozinha. Tentávamos recuperar o fôlego. Ele beijou-me o
cabelo, o nariz e as pálpebras, antes da sua cabeça repousar na minha barriga.
Mais tarde, fui tomar banho. Quando acabei, desembaciei o vidro da casa de
banho.
Apercebi-me que já não me encontrava sozinha; ele estava atrás de mim.
Vergava apenas umas calças de ganga. Do bolso das mesmas, tirou o telemóvel e,
segundos depois, começou a tocar uma música que eu adorava.
[ Enigma – Principles of Lust ]
Fechei os olhos e deixei-me envolver pela música erótica.
De seguida, o seu corpo cola-se ao meu. As suas mãos enormes e cheias de fios
verdes e azuis que correspondiam às suas veias salientes começaram a fazer a
sua experiente magia no meu corpo. Massajava-me a barriga com tamanha ternura e
delicadeza que os meus olhos se reviraram. Sentia o sangue a correr-me em brasa
e veloz no corpo.
As suas mãos subiram e afastaram o meu cabelo molhado, liso, castanho e
comprido que me tapava os seios. Senti-me demasiado exposta e vulnerável, porém
eu sabia que ele gostava de mim assim no meu estado mais natural (por assim
dizer).
O meu pescoço ficou rígido, quando os seus dedos começaram a sua tortura
agonizante nos meus mamilos. Não, não me
faças vir outra vez, tento suplicar, mas não encontro a minha voz. E,
estilhaço-me, novamente.
Mas, não deve ser o suficiente para ele, pois ele não para a sua tortura.
Trinca, chupa, lambe o meu pescoço sem parar. Eu já não pensava. Será que ainda
sabia pensar?
No entanto, como uma resposta, algo acordou em mim. Um bicho selvagem louco e
enraivecido. Não era justo! Ele não jogava justamente!
Dei-lhe uma chapada forte na cara. Este esbugalhou os olhos, completamente
surpreso.
Saí da casa-de-banho nua, a correr pelas escadas acima. Infelizmente, as minhas
pernas não conseguiam competir com as dele. Por
que razão seria?!
A sua mão direita alcançou o meu tornozelo e eu deixei-me cair,
desequilibrada.
No instante seguinte, apanhou as minhas mãos e juntou-as no cimo da minha cabeça.
[ Enrique Iglesias – Tonight ]
A sua mão livre massajou a minha nádega. Oh,
não! Não-Não-Não-Não!
Eu sabia o que iria acontecer a seguir! Fechei os olhos, tentando
preparar-me.
E ele bateu-me. Soltei um gritinho. Eu odiava-o tanto, quando ele me fazia
aquilo!
Não porque me magoava fisicamente, mas sim porque aquele acto apenas despertava
uma e outra vez o animal faminto por ele que crescia dentro de mim a cada dia
que passava. Quando aquela zona já ardia, ele parou. Pegou-me ao colo, como se
fosse uma criancinha desprotegida e levou-nos para o nosso quarto.
Deitou-me na sua enorme cama. As minhas pernas enrolaram-se à sua volta.
[ Delilah – Inside My Love ]
Com uma expressão desafiadora e sem desviar o meu olhar do seu, a minha mão
tacteava dentro da gaveta mais próxima. Até que encontrei o que queria. Num
acto reflexo, algemei-o. Os seus lábios quase tão carnudos quanto os meus
separaram-se e eu sorri-lhe com malícia.
Desapertei-lhe as calças e, momentos e seguir, apoderei-me dele. Era eu quem
mandava agora. Queria-o tanto! Mas, nunca conseguíamos tirar o máximo que nos
bastasse um do outro. Por fim, o meu clímax juntou-se ao dele e caí sobre o meu
homem.
A meio da noite, acordei com um pesadelo.
Afastei o cabelo dos olhos e acendi o candeeiro.
[ Agnes Obel – Riverside ]
Ele já não estava lá…
Nunca dormia comigo. Só me queria para…
Suspirei, mordendo o lábio ao tentar evitar a queda de lágrimas dos meus olhos.
Mas, quando encontrei as chaves de um carro junto à almofada do outro lado da
cama, não consegui evitar. Atirei-as contra a parede numa mistura de tristeza e
fúria.
Era como se me pagasse.
Odiava-o tanto, quanto o amava. A única diferença, é que ele não me amava…
No dia seguinte, saí daquela casa cedo, pois tinha de ir para a Universidade.

Nathaira MacNeil
Sergio Ramos