domingo, 11 de março de 2012

AlmasDestinadas: Capítulo 13º (1ºFlashBack)

PRIMEIRO FLASH-BACK!
1-JULHO-2007


O taxista tinha acabado de nos dizer a temperatura, naquela tarde em Madrid.
31ºC.
Helena tinha a testa suada e o leque vermelho em constante movimento.
Eu abri a janela do carro.
Constatei que estávamos quase a chegar à vivenda dos nossos tios Calléjon.
Eles eram nossos tios da parte da nossa mãe espanhola, Coral Calléjon.
Enquanto que o nosso pai era português bem português, Mário Albuquerque.
Eles conheceram-se em trabalho; O meu pai é fotografo e a minha mãe era modelo fotográfico.
A minha irmã, Helena, de 20 anos já tinha começado a sua carreira de modelo há algum tempo; eu com 16 anos, apenas dava os meus primeiros passos.
Éramos irmãs muito chegadas; nunca tivemos nenhuma briga, por incrível que possa parecer. Helena era mais parecida com a nossa mãe. Tinha o cabelo preto e comprido. Os olhos castanhos mais escuros. Eu usava o cabelo bem mais curto (pela nuca), era castanho. Os meus olhos eram castanhos, mas mais claros.
Em termos de estatura, era mais alta do que Helena, mas como ela gostava de usar sapatos altíssimos e eu nunca me separava das minhas All Stars, a nossa diferença de altura era menos realçada.
Em termos de estilo, bem... a nossa moda era completamente diferente.
O estilo da Helena caracterizava-se por vestidos chiques, malas caras, sapatos de salto alto. As suas roupas sempre em harmonia.
Já eu... as minhas roupas eram uma mistura de cores. Sim, eu adorava cor. Não me importava se estivessem a condizer ou não. Vestia o que me dáva mais alegria e conforto.
Hum... em que mais é que as irmãs Albuquerque eram diferentes...?
Ah, já sei! Rapazes!
Helena sempre teve grande facilidade em conquistar rapazes. Nem precisava de se esforçar. O seu olhar felino e a sua beleza latina tratavam de tudo.
Eu era completamente o contrário.
Não tinha nenhum olhar felino, mas sim um olhar cheio de curiosidade e alegria.
Não tinha nenhuma beleza latina; fui buscar as raízes portuguesas ao meu pai.
Em suma, nenhum rapaz mostrou interesse por mim. Não, nem um.
Mas, não ligava muito ao assunto.
Se não me queriam, azar o deles! Gosto de pensar que eles é que ficam a perder.
O taxista estacionou à porta da vivenda dos nossos tios.
Abri a porta do carro e inalei muito ar, enchendo os pulmões com aquele cheirinho a erva regada. A casa estava rodeada por imensas árvores. Um jardim lindo.

Helena pagou ao taxista e eu fui retirando as malas da bagagem.
Agarrei em duas, uma em cada mão e fui-me aproximando da porta.
Alguém abriu a porta e gritou o meu nome com um enorme transbordar de estusiasmo.
Era o meu primo José!
Deixei cair as malas e corri até ele. Este abriu os braços e eu saltei-lhe para cima.
As minhas pernas rodearam-lhe a cintura e ficámos abraçadinhos, durante algum tempo.
- Senti tantas saudades tuas! – exclamei-lhe.
- Yo tambien. Yo tambien!

Eu e Helena já tinhamos arrumado as nossas coisas no quarto sempre disponível para nós todos os Verões.
Agora estava com o meu primo José no nosso cantinho especial.
Era uma barraquinha, onde eu e ele gostávamos de pensar e estar sozinhos.
Tinhamos inúmeras fotos de diferentes anos coladas nas paredes.
Deitei-me na minha rede de praia e ele fez o mesmo na sua.
- Então, o que tens feito, José?
- Téngo jugado mucho.
Ele era jogador de futebol, tal como o seu irmão gémeo, Juanmi.
Juanmi e Helena estavam na piscina a refrescarem-se.
- E tem corrido tudo bem?
- Sí, sí. La próxima temporada voy a ir al Real Madrid B.
- A sério?! PARABÉNS! Estás a subir de escalão! Deves sentir-te orgulhoso!
José riu-se.
- Sí, es muy bueno para mí. Espero no decepcionar nadie.
- Não vais desiludir ninguém! Tens de confiar em ti e tudo irá correr bem, vais ver! Já não falta muito para jogares na equipa principal do Real Madrid!
- Dios te escucha!
- Está a ouvir, está a ouvir.

- Então... sabes se vão haver alguns concertos por aqui neste Verão?
- Claro! Niña Pastori... – José continuava a indicar nomes de cantores. – Orishas...
- ESPERA! OS ORISHAS VÊM CÁ?!
- Sí! Van hacer un concierto en Sevilha, Barcelona y Madrid.
- OMG! EU ADORO ESSA BANDA! TENHO DE IR VÊ-LOS!
- Entonces, tenemos que comprar los billetes. Voy contigo.
- PERFECTO!

No dia do concerto:

- Perdóname, Mariza! Perdóname! – exclamava José na cama.
Ele tinha apanhado uma constipação forte. Estava com febre e não podia, de maneira nenhuma, ir ao concerto dos Orishas comigo.
- Não faz mal, José. Não te preocupes mais com isso. Eu, se calhar, nem vou.
- No, no, no! Vaya para el concierto, sí! Te encanta esa banda. No se puede perder. Vaya!
- Tens a certeza?
- Sí, claro, Mariza. Me siento mucho mejor si te vas a ese concierto. Disfruta al máximo!
Eu sorri para ele. Dei-lhe um beijo na testa. Peguei na minha malinha e sai.

No concerto:

- Mírame como hace ya. Mamita, mírame como hace un tiempo atrás. – cantava e dançava eu ao rtimo da música.
- Hola, niña. Estás sola? – perguntou um rapaz bêbedo.
Tentei afastar-me. O cheiro que emanava da sua boca revirava-me o estômago.
- No responde a mi pergunta?!
Continuei a afastar-me pelo chão de terra batida.
- Quieres beber? Fumar? Que quieres, hermosa niña?
- Nada! Déjame!
– exclamei, aprofundando os meus conhecimentos de espanhol.
- NO HABÉIS OÍDO?! DÉJALA EN PAZ! – gritou um rapaz alto cheio de músculos. Agarrou-me no braço direito, afastando-me do rapaz bêbedo.
- Estás con ella? – perguntou o mal cheiroso, quase sem abrir os olhos.
- No ves que sí? – ironizou o rapaz musculado.
- Perdóname. – respondeu-lhe, afastando-se a passos largos.
Pressionei a mão contra o peito. O meu coração parece que tinha parado.
- Estás bien? – perguntou o rapaz que me tinha... hum... salvo.
- Estoy. Muchas gracias por lo que hiciste.
O rapaz sorriu. Tinha um sorriso muito giro. Pôs uma mecha de cabelo para trás da orelha. Ele tinha o cabelo mais comprido do que o meu (ahaha).
- No vive en Madrid, verdad?
Mordi o lábio.
- No. Ni soy española.
- No?
- No.
- Eres dónde, entonces?
- Soy portuguesa.
- En serio?!
– o rapaz perguntou muito curioso.
- Sí.
- Qué haces aquí?
- Bueno, vine a ver la banda.
O rapaz riu-se com a minha resposta tão básica.
- Te gusta esta banda, portuguesa?
- Sí, mucho, pero... no me llames “portuguesa”. Yo téngo nombre.
- Perdóname, pero... no oí tu nombre.
- Es porque no lo dice.
- Y puedes decir.
Semicerrei os olhos, mirando-o a sorrir para mim.
- Tu primero!
Ele sorriu e estendeu-me a mão:
- Sérgio.
Apertei-lhe a mão.
- Mariza.
- Bueno, Mariza, quieres baila conmigo?
– inquiriu ele, estendedo-me a mão.
Hum... uma proposta que só pedia um SIM como resposta...
- Sí!
E começámos a dançar a música El Kilo – uma das minhas preferidas desta banda.

1 comentário:

  1. fantastico...

    quero mais... tou curiosa para ver o proximo...

    continua...

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