sexta-feira, 30 de março de 2012

14ºCAPÍTULO (2ºFlashBack)

SEGUNDO FLASH-BACK!
28-JULHO-2007


Eu e Sérgio estávamos a passear nas ruas de Madrid.
Gostava tanto, tanto dele!
Quem nos visse, o que deveriam pensar?!
Ora nos beijávamos loucamente na via pública; ora nos riamos com as piadas dele; ora eu saltava para as suas costas; ora andávamos de mãos dadas.
Ah, estes últimos dias tinham sido mais do que meramente perfeitos.
Eu andava louca pelo Sérgio e eu sentia que ele também estava louco por mim.
Só quem sabia da nossa relação era a minha irmã, Helena. Mas, apenas sabia, nunca o tinha visto ao vivo e a cores; ainda não o tinha apresentado à minha família. E isso, era uma coisa que tinha de corrigir…
- Sérgio?
- Sí?
- Importavas-te se…eu te levasse à minha casa e te apresentasse à minha família?
- Pero, tus padres no están en Madrid, verdad?
- Sim, é verdade, mas está a minha irmã, os meus primos e tios. Gostava que eles te conhecessem… Eu não gosto nada de lhes omitir a nossa… relação. Importas-te muito?
– fiz-lhe olhinhos.
Ele tirou os seus óculos RayBan e encarou-me.
- No! Lo hago todo por ti.
Sorri-lhe e beijei-o. Quando, abri os olhos, após o beijo ter terminado, interroguei:
- Esta noite?
- Sí!

Deu-me um beijo na testa e rodeou os meus ombros, aproximando-me mais dele.
Passados uns minutos, correram até nós, umas raparigas mais velhas do que eu.
Pediram autógrafos ao Sérgio e tiraram algumas fotos com ele.
Sempre que aquilo acontecia eu ficava um bocadinho… frágil… ciumenta…triste. Mas, ele já me tinha explicado muitas vezes que era um modelo fotográfico muito conhecido em Madrid. Eu própria já fiz alguns trabalhos como modelo, embora saísse à rua e ninguém me conhecesse.

(Nessa mesma noite):

Tinha vestido um vestido curtinho, mas confortável, para o jantar de hoje.
Era nesta mesma noite que apresentaria o Sérgio à minha família de Espanha.
Helena estava belíssima, como sempre, num vestido azul; sentou-se ao pé de mim e pegou na minha mão.
- Não estejas nervosa, está bem?
- Nervosa? Eu não estou nervosa, Heleniti.
A minha irmã riu-se para mim.
- Talvez um bocadinho. – concordei, por último.
Os meus primos gémeos vieram para perto de nós.
- Su relación… es mismo en serio? – interrogou José.
- Espero que sim, José.
- Cómo?!
– assustou-se ele.
- Quer dizer, eu penso que sim. Eu adoro-o e ele a mim. Não é o mais importante?
- Claro que sim, Marisca
. – Eu costumava chamar Heleniti à minha irmã e ela chamava-me Marisca. Eram as alcunhas que tínhamos posto uma à outra. – Não te preocupes. O José é que é um dramático.
- Me preocupo com ella. Me encanta!
- Eu sei, José. Também te adoro.
Trocámos olhares cúmplices.
Entretanto, tocam à campainha.
Fez-se silêncio. Aterrador!
- Bueno, vamos a conocer su  príncipe. – Juanmi quebrou o gelo. – Estoy seguro de que será un bueno chico. – piscando-me o olho.
- Gracias, Juanmi. – disse-lhe.
Levantei-me para ir abrir a porta.
Sérgio sorriu, fazendo-me corar. Mirou-me de alto a baixo e sussurrou-me ao ouvido:
- Que hermosa!
Corei ainda mais. Dei-lhe um beijo muito breve. Ele deu-me a mão.
E caminhámos juntos até à sala, onde cinco pares de olhos estavam pregados em nós. Todos eles tinham expressões faciais diferentes:
Helena estava a sorrir, contentíssima. Provavelmente, via o quão feliz em estava ao lado dele.
Os meus tios piscavam os olhos calmamente. Não olhavam para mim, pois não conseguiam desviar os olhos do Sérgio. Estavam em choque.
Juanmi, ora esfregava a cana do nariz, ora tapava a cara com as mãos.
E José?! Bem, nunca esperaria uma reacção daquelas! Estava possesso!
Levantou-se, num ápice. Apontou com o dedo indicador em direcção ao Sérgio.
- SÓLO PUEDE SER UNA BROMA! VETE! VETE! VETE! – José estava a expulsar Sérgio.
Juanmi pôs-se à frente do seu irmão gémeo e pediu-lhe para se acalmar.
- Cómo puedes decirme que me calme si…!
- Se o quê, José?! Conheces o Sérgio?!
- Qué pregunta más tonta, Mariza! Por supuesto que lo conozco!
Sérgio, a meu lado, começa a massajar a testa.
- Podrías haberme dicho quiénes eran sus primos! – exclamou ele.
- Mas tu também os conheces?!
- Claro! Son jugadores de fútbol…
- começou Sérgio.
- COMO TU! – berrou José.
- … los gemelos Callejón. – terminou ele.
- Hã?! Espera aí, José. O que é que disseste?
- Le dije que se vaya! No va a ser la próxima novia de Sérgio Ramos!
Custava-me a respirar.
Virei-me para o Sérgio.
- És jogador de futebol?
Ele desviou o olhar do meu.
- Soy.
- A história de seres modelo não passa de uma mentira, não é?
- Sí.
Comprimi os lábios até me doerem.
Larguei-lhe a mão bruscamente e corri pelas escadas, rumo ao meu quarto.
Fechei a porta, agarrei-me à almofada e tapei a cara, abafando as lágrimas.

Helena levantou-se e foi para junto de Sérgio.
- Chamo-me Helena e sou a irmã da Mariza. Sei o quão ela tem estado felicíssima desde que te conheceu. Mentiste-lhe. Foi grave. Mas, tenho a certeza que tiveste as tuas próprias razões, tal como ela te omitiu o facto dos nossos primos serem jogadores de futebol – também teve as suas razões. Tenho a certeza que deves ser um tipo espectacular e especial, caso contrário, a minha irmã não perderia tempo contigo. Ela nunca esteve com nenhum rapaz, portanto, estás a perceber. É uma menina de ouro, por isso, trata bem dela!
- Claro! Gracias por su confianza!
- De nada.
- Dónde está?
- De certeza que está no quarto. Sobe as escadas. Última porta à esquerda.

Alguém bateu à porta do meu quarto.
Estava esticada em cima da cama a olhar para o teto.
- Não me apetece falar, Helena!
- Yo no soy Helena
. – disse Sérgio com a sua voz funda e masculina.
Revirei os olhos.
- Contigo é que não quero mesmo falar!
- En serio?
– perguntou irónico e sedutor.
- Definitivamente!
Abriu a porta.
- Estou a ver que não fui suficientemente clara.
- Creo que no.
– ripostou ele com um sorriso infantil nos lábios. Entrou e deitou-se ao meu lado na cama.
Ficámos em silêncio, muito juntinhos e de olhos postos no teto do quarto.
- Porque é que me mentiste?
- Por qué no dijiste quién eran tus primos?
Suspirei.
- Eu perguntei primeiro, sabes?
- Lo sé.
- Então…?
- Sí…?
Ergui-me um pouco e o meu cotovelo aguentou todo o meu peso.
Sérgio riu-se e eu bati-lhe no peito másculo.
- Pronto, está bem. – rendi-me, quando vi que ele não ía ceder. Sacana, páh! – Eu não te disse, porque…  - suspirei. – a minha família vive bem, problemas de dinheiro, não são os nossos. E eu queria que tu gostasses de mim e não do meu dinheiro…
Sérgio também se ergueu. Pegou em ambos os lados da minha face.
- Nunca conocí nadie que me gustó tanto, sólo por ser quien soy. No sabías cúal  era mi profesión. Y eso me hizo pensar. No es todos los días que nos encontramos con alguien que nos ama sólo por nuestra personalidad.
Sorri à marota.
- E pela… beleza.
Ele riu-se.
- Eso también.
Abanei a cabeça, sorrindo-lhe.
Abraçámo-nos.

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