segunda-feira, 4 de julho de 2011

ALMAS DESTINADAS ~ 1º Capítulo

FOI A PROPOSTA MAIS RIDÍCULA QUE ME FIZERAM!2011, Inglaterra
Batalhava com todas as minhas forças por me chegar mais e mais para a frente, vencendo todas as dezenas de repórteres que se amontoavam à porta do hotel, onde André Villas-Boas estava hospedado. Haviam flashes, berros e bastantes Polícias cujo seu principal objectivo era, efectivamente, atrapalhar o trabalho de todos os jornalistas ali presentes. Comecei a avistar a cabeleira farfalhuda e desgrenhada de Villas-Boas, ao sair do Hotel. Comecei a empurrar os jornalistas e as câmaras; não me importava.
- Patrícia, filma isto! – exclamei-lhe. Ela ajustou a câmara, rapidamente.
Ouvia flashes muito familiares aos meus ouvidos da máquina fotográfica da Rita Correia. Estavam todas a fazer o seu trabalho, só faltava eu. Dei asas à minha voz e interpelei:
 - Villas-Boas? Villas-Boas? Sente nostalgia por deixar o FC do Porto?
O novo treinador do Chelsea procurou o meu olhar.
- Guardo o Porto no meu coração. – afirmou, solenemente.
- Qual é a primeira coisa em que pensa, quando o comparam a José Mourinho?
- Orgulho, só posso estar orgulhoso
. – sorrindo ao fazer rugas nos cantos da boca e dos olhos.
- E quanto aos seus antigos jogadores do Porto, nomeadamente: Hulk e Falcão, os melhores goleadores da equipa, deseja voltar a treiná-los, desta vez no Chelsea?
- Isso é um assunto a discutir com os responsáveis do clube.
- Então, pretende comprá-los?
- Há variadíssimos clubes interessados no Hulk e no Ramadel Falcão…
- Exacto; cobiçados também por José Mourinho.
- É natural. Mourinho é um excelente treinador e sabe que eles são muito bons jogadores.
Assenti com cabeça, quando os olhos de Villas-Boas dardejaram por uma saída, diante de imensos jornalistas.
- Muito obrigada, André Villas-Boas. – despedindo-me.
Encarei a câmara.
- Foram, assim, as palavras do novo treinador de Chelsea. Mariza Albuquerque, em Inglaterra para A Bola.Patrícia sorriu e desligou a câmara.
- Perfeito, Mariza. – indicou ela.
Rita Correia (pequenina, de olhos azulados, com um lindo cabelo liso, ainda que agora, por causa do vento, desgrenhado) correu para junto de nós, agarrada à sua amada máquina fotográfica.
- Uau, tirei boas fotos. – comentou.
- Como sempre. – sorri-lhe. – Bom, vamos sair daqui, mas que confusão.
- Sim, sim! – disseram ambas.
Patrícia (alta e robusta, de olhos castanhos esverdeados e com cabelo liso de tons castanhos), ajeitou a câmara e encaminhou-se para o passeio, onde havia ar puro sem euforias, palavrões e empurrões; seguimo-la. Subitamente, ouvi uma voz profunda e sexy ao meu lado.
- Hey, are you from Portugal? – inquiriu um Polícia alto, musculado, com olhos verdes claros, cabelo loiro curto e lábios sensuais e carnudos.
- Yes, why? – questionei, curiosa.
- My name is Derek.
Can I… talk to you?
- Talk to me?! What the hell are you doing with me right now?

Rita Correia e Patrícia riram-se. Pestanejei para o rapaz.
- In private. Can I buy you a coffe?
Matutei um pouco no assunto. Era um Polícia. Mal não me deveria querer fazer…
- Yeah…
- Great, thank you. – esboçando um largo sorriso.
- You welcome, I think… - murmurei. – You know talk portuguese, don’t you?
- Yes, actually, I can speak very well.
- Então páre de falar Inglês.

(…)
- Essa foi a proposta mais ridícula que alguma vez me fizeram!
- Eu sei… se não quiseres aceitar, não levo a mal.
- Só me pergunto porque razão tenho de ser eu! Haviam montes de jornalistas lá fora. Porquê eu?!
- Sei lá…mas aceitas ou não?
- Ouça, Derek, não me está a enganar, pois não? É que se tiver, eu meto-o no Tribunal!
- Não, não, estou a ser bastante sincero.
- E porque razão quer viver em Portugal?
- São assuntos profissionais.
- Que assuntos profissionais?
- Isso é um pouco íntimo, não achas?
- Não, não acho íntimo de todo! Íntimo é uma pessoa completamente desconhecida, convidá-lo para beber um café e perguntar-lhe se aceita casar consigo em Portugal, pois quer residir lá. E o facto de não lhe contar as razões que o levam a tomar tal decisão, isso sim é no mínimo constrangedor! Entende o meu ponto de vista?
- Raios me partam! Jornalistas! Passam a vida a fazer perguntas desnecessárias!
- Primeiro: o trabalho de um jornalista é indispensável a uma sociedade! Segundo: gostava de ver como reagiria se tudo isto se tivesse a passar consigo. Era deveras, encantador, presumo.
- Era encantador se dissesse logo que sim.
- Muito embora esteja mais virada para o não
. – esfreguei a vista, cansada. – Então, vai ou não dizer-me porque quer ir para Portugal? – como vi que ele não estava inclinado para me dizer a verdade, agarrei na minha mala e levantei-me. Ele segurou no meu pulso.
- Não, espera! Calma, está bem? Eu conto-lhe.
Voltei a sentar-me, disfarçando um sorriso traquina ao morder o interior da bochecha.
Eu sou persuasiva (muah ah ah ah).
- Eu quero tirar um Curso de Fotografia em Portugal.
Funguei sonoramente, desapontada.
- Só isso?
- Só isso o quê?
- Não posso fingir que não estou desiludida; pensava que escondia um passado aterrador que faria uma óptima manchete no jornal.
Derek revirou os olhos.
- Então, final answer?
- Pode ser… - encolhendo os ombros, indiferente.
- “Pode ser”? É o melhor que consegues dizer?
- Neste momento, sim.

- É um sacrifício assim tão grande?
- Perdão?
- Admite: sou o noivo mais bonito que alguma vez viste. Queres ouvir mais? Ficas nervosa ao olhar para mim.
Levantei as sobrancelhas. Mas que raio…?!
- A que propósito vieram essas insinuações?
- É um comentário bastante normal.
- Como queiras… - cruzei os braços. – Bom, já que conseguiste o que querias… - levantei-me.
- Quando voltas para Lisboa?
- Amanhã estou às 7 horas do aeroporto.
- Está bem, eu vou já comprar os bilhetes.
- Tu lá sabes… - brincando com um caracol do meu cabelo curtíssimo.
- Assim, encontramo-nos no aeroporto, certo?
- Infelizmente…
- Tens casa?
- Um cómodo apartamento em Oeiras.
- E será que posso lá f…
- Podes dormir no sofá, usufruir da cozinha à vontade e da casa-de-banho. Pagas metade d renda e negócio fechado. Agora tenho de ir. Até amanhã.
- Hey, espera. Como te chamas?
Como te chamas? A sério? Quer dizer pede-me em casamento e só no final da “excelente” conversa é que me pergunta o nome?! Oh, please.
Olhei para trás, mirei-o de alto a baixo e apenas respondi:
- Só agora é que te lembras-te?!E saí do café. Encontrei as minhas amigas sentadas num banquinho.
Começaram logo a perguntar-me o que tinha acontecido.
Suspirei, profundamente, abanei a cabeça e meti um braço em cada uma delas, iniciando a caminhada até ao Hotel onde estávamos hospedadas.

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