domingo, 15 de janeiro de 2012

ALMAS DESTINADAS - 8ºCAPÍTULO

O QUE ESTAVA ELE A FAZER AO PÉ DA SEPULTURA DO MEU GATINHO?!
Segunda-feira, 12h45, Vivenda de Javi e Helena

Virei-me para o outro lado.
O Sol que entrava pelas janela, fez com que os meus olhos abrissem.
Quando me apercebi onde estava, levantei o tronco num ápice. Estava na cama de casal da Helena e do Javi.
- Calma, maninha. Descansa. – apaziguava-me Helena, sentada num pequeno sofá relativamente perto da enorme cama. – Adormeceste ao lado do Javi, por isso, ele trouxe-te cá para cima, afim de dormires mais confortavelmente.
Imaginei Javi a pegar no meu corpo magro e alto como se fosse leve como uma pena. Deitar-me na cama e aconchegar-me nos lençois.
Sem perceber porquê, senti os meus curtos cabelos da nuca arrepiarem-se.
Esfreguei os olhos.
- Ele já me contou o que se passou. – começou Helena. – O Falcão... o Derek... o Ginja Tomás...
- Eu perdi-o...
- Ao Falcão?
- Não! Nem quero falar sobre o Falcão. O Derek disse uma coisa que me fez pensar bastante... se o Falcão gostasse de mim a sério, compreenderia e dáva-me tempo para explicar.
Helena sentou-se ao meu lado na cama. Pegou a minha mão.
- Concordo com o Derek... foi ele quem perdeste?
Abanei a cabeça.
- Foi o Ginja Tomás. Lembras-te que o Ginja foi a última prenda que os pais me deram... antes de partirem para os EUA?
Helena sorriu.
- Como poderia esquecer?
Sorrimos uma para a outra.
- Agora estou sozinha.
- Não digas isso, Mariza! Tens-me a mim, tens a Inês, tens as tuas amigas do trabalho e sabes que podes contar com o Javi.
Não respondi, apenas fitei a colcha da cama.
- Porque não passas uns tempos connosco?
- Hã?!
- Sim. Aqui em casa. Temos um quarto de hóspedes, podes ficar lá. Ía fazer-te bem! Tinhas a nossa companhia...
- Não, Helena. Muito obrigada pela tua proposta, és a melhor irmã do Mundo, mas jamais aceitaria. Já não tenho idade para a minha irmã mais velha tomar conta de mim. Eu sei tomar conta de mim mesma. E sei o que tenho de fazer.
- O quê?
- Vou dedicar-me de corpo e alma ao meu trabalho. Vou fazer horas extra e tudo.
- Elouqueceste?! Tu já trabalhas imenso!
- O trabalho é a única maneira de me acalmar, tu sabes...
Helena suspirou. De repente, a barriga dela queixou-se com fome.
- Estás com fome, maninha.
- Pois, realmente. – notei que Helena estava um pouco atrapalhada e envergonhada. Não entendi porquê.
- Esforçaste-te muito no ginásio, como sempre. – disse ao levantar-me da cama.
Helena franziu a testa.
- Ginásio?!
Dada a sua reacção, falei pausadamente:
- O Javi disse-me que tinhas ido ao Ginásio...
- Ah-Ah!
– batendo com a mão na testa. – Sim, claro-claro. Sabes como sou.
Olhei-a de frente.
- Helena? Estás a esconder-me algo?
- Eu, maninha?! Não...
- Hã-hã...
– Helena ficaria debaixo do meu olho.
Descemos as escadas. Helena e Javi convenceram-me a almoçar com eles.
Depois do almoço, despedi-me deles, agradecendo a hospitalidade e fui para casa.
Ía atravessar a passadeira, quando olho para a sepultura improvisada do Ginja Tomás.
O Rapaz Areia estava sentado ao lado dela com um ramo de flores brancas.
O que estava ele a fazer ao pé da sepultura do meu gatinho?!
Fui para junto dele.
- O que estás aqui a fazer?
- Lo siento. Yo vine a dejar unas flores a su Ginja.
Sorri-lhe ao sentar-me ao seu lado.
- É muito simpático da tua parte.
Ele fitou-me com os seus olhos quase pretos.
- Y me trajo una flor para ti también. – e deu-me um lírio rosa lindíssimo.
- Consegues ler mentes?
- Cómo?!
– riu-se com a minha pergunta tola.
- Sim... perguntei-te se conseguias ler mentes, porque eu amo lírios.
Ele fitou-me seriamente. Depois os seus olhos e boca abriram-se (como uma flor) num lindo sorriso.
- Me alegro de que no estaba equivocado.
- Eu também estou contente por não te teres enganado na escolha da flor. Obrigada.
- De nada.
- Bem, eu devia ir para casa.
- Usted vive allí
– apontou para o meu apartamento. – verdad?
- Sim.
- Entonces...
– começou por dizer.
Dei-lhe um beijinho na face.
- Obrigada por me teres alegrado o dia.
Ele ficou um bocadinho “à nora” como se costuma dizer. Respondendo, por fim:
- De nada.
Fui afastando-me até que entrei no meu apartamento.

Estava a ler o jornal A Bola de hoje, enquanto comia uma sandes mista que tinha preparado há uns minutos atrás, quando tocam à campainha.
Depressa abri a porta.
As minhas narinas dilataram-se.
Nem queria acreditar!
- O QUE RAIO ESTÁS A FAZER À MINHA PORTA?! DISSE QUE NUNCA MAIS TE QUERIA VER À FRENTE! – berrei para Derek.
- Passei aqui e vi no jardim uma sepultura que dizia Ginja... fiquei preocupado... contigo.
- Sim, o meu gato morreu.
– esclareci as dúvidas dele num ápice seco.
- Sinto muito...
- Nem sabes quantas vezes já ouvia essas palavras hoje. Podem dizer as vezes que quiserem, mas nada vai ser alterado.
- É a vida...
- Dizem que sim... Pronto, agora já podes ir-te embora.
- Eu queria... dar-te algo.
- Dar-me mais uma camada de nervos? Não, obrigada!
- Nada disso... queria que ficasses com a Roxanna.
Derek desviou-se e a enorme cadela de pelo meio laranja avançou para mim com a língua de fora.
- Porquê?
- Porque sim.
- Porque sim, não é resposta que se dê! Achas que ela vai substituir o Ginja? Estás muito enganado!
- Não me interpretes mal. É claro que sei que ela não irá substituir o teu gato, mas... fica com ela... para te lembrares de mim.
- Não preciso de ficar com a tua cadela para me lembrar de ti. Infelizmente a tua presença ainda está fresca na minha memória.
Derek riu-se.
- É bom saber.
Semicerrei os olhos.
- Fica com ela. É uma óptima companhia. E é muito sentimental e ternurenta.
- Se sair ao dono...
– comentem com grande ironia.
Roxanna deitou-se no chão junto aos meus pés. Começou a fazer aquele som triste que os cães fazem. Revirei os olhos.
- Oh, está bem! A cadela fica, tu rua!
- Não te preocupes. Vou voltar para Inglaterra hoje às 21 horas.
- Muito bem...
- Então, isto é o nosso adeus.
- Finalmente!
Derek assentiu, triste. Estendeu a mão.
- Ah, quase me esquecia! – lembrando-me. – Vou só buscar o fio que me deste.
- Não!!!
– impediu-me ele. – Quero que fiques com ele.
- Estás a dar-me ordens a mais.
- Desculpa... mas, fica com ele.
- Okay! Como queiras!
Apertei-lhe a mão.
- Não posso dizer que foi um prazer conhecer-te, porque estaria a mentir com todos os dentes que tenho na boca. – afirmei.
Derek riu-se, novamente.
- Adeus, Franjinhas.
- Não me chames isso!
- Fica bem
. – já descendo as escadas.
Algum tempo depois, respondi:
- Tu também.

22 horas

Já tinha jantado, vstido o pijama e lavado os dentes.
Sentei-me no sofá, fazendo zapping pelos canais televisivos.
Roxanna estava deitada no tapete, sossegada.
Tocam à campainha. Quem seria?!
Só rezava para que não fosse o Derek outra vez.
Encaminhei-me à porta.

2 comentários:

  1. Olá!
    Mais uma vez gostei bastante.
    Fico à espera do proximo.
    Bjokinhas
    Mariaa

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  2. fantastico...

    quero mais... tou curiosa para ver o proximo capitulo...

    continua

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