sábado, 4 de fevereiro de 2012

9º Capítulo, 1º Parte - ALMAS DESTINADAS

E AS NOVIDADES LOUCAS NÃO ACABAM...
Segunda-feira, 22 horas, no apartamento da Mariza
DING-DONG! Revirei os olhos, rezando para que não fosse Derek, novamente.
- Please, please, please! Que não seja ele. – sussurrava para mim.
Abri a porta e esbugalhei os olhos ao mesmo tempo que abria a boca de espanto.
- MARIZA! – exclamaram as quatro ao mesmo tempo: Rita Correia, Patrícia, Inês e a minha irmã Helena. Todas elas estavam de pijama e traziam almofadas debaixo do braço. Entraram em filinha com grande entusiasmo.
- Decidimos fazer-te uma surpresa! – clarificou Patrícia.
- A Helena contou-nos o que se tinha passado... – indicou Inês com um tom de voz triste.
- Pois... e nós decidimos vir animar-te. – disse Rita C, piscando o olho.
- Exactamente! E o que é melhor do que uma pijama party para animar mulheres?! – interrogou Helena.
Comecei a rir-me.
- IT’S GIRLS NIGHT! – exclamaram todas, pulando para cima de mim.
(...)
Depois de lhes contar tudo (a cena do Falcão, Derek e do Ginja Tomás) muito pormenorizadamente, chegou a hora delas falarem.
- Mas, vá! Já estou farta de ouvir a minha própria voz e vocês provavelmente também. – ri-me. – Contei-me coisinhas vossas.
Estavamos sentadas de pernas cruzadas no chão da minha sala, formando um círculo.
- UI!!! – berrou Inês, despertando-me a atenção. – Nem sabes que novidades andam por estes lados... – olhando à sua volta. As meninas começaram a rir-se e eu fiquei com cara de desconfiada, porque senti que haviam várias coisas que me estavam a esconder. Hum... – Elas contaram-me as linhas gerais pelo caminho...
- Ora, mas não a mim. Contei lá, então
. – incentivei-as, fitando-as.
Ficaram envergonhadas, olharam umas para as outras e nada disseram.
Revirei os olhos ao levantar os braços.
- Se não vai a bem, vai a mal.
Levantei-me, fui à cozinha. Procurei uma garrafa de vidro vazia. Encontrei.
Levei-a para a sala. Sentei-me novamente.
- Aposto que já sabem o que vou fazer... – comecei eu.
Girei a garrafa e todas as cabecinhas ali presentes sabiam que, quando a garrafa parásse de girar e apontasse para alguém, esse alguém teria de falar.
A garrafa parou. Olhei para quem ela tinha apontado.
Patrícia
Inês começou a rir-se. Todas elas já sabiam as novidades à minha excepção.
- Sou toda ouvidos, camera girl. – disse eu.
Ela sorriu, respirou fundo e fitou-me sem medos.
- Lembras-te daquela entrevista que nós fizemos ao André Santos?
Como poderia eu esquecer o incrível, giríssimo, super simpático e dócil André Santos?! Sorri-lhe, instintivamente.
- Claro!
- Bem, eu e ele.. temo-nos visto inúmeras vezes e...
- E...?!
- Somos oficialmente namorados!
– declarou com um estonteante sorriso.
O meu cérebro parou por momentos de funcionar.
- OH, MEU DEUS!!! COMO PODESTE ESCONDER-ME ISTO?!
- Bem, desculpa! Eu não queria iludir-me a mim mesma, quanto mais a vocês.
- Então, esses “encontros” duram há...
– comecei a fazer as contas de cabeça.
- Um mês e três dias. – respondeu a Tixa (sua alcunha) de cor.
- Oh, meu Deus! Incrível!
- Pronto, é tudo o que tenho para te dizer
. – disse ela mais leve.
- Hum...
- Calma!!! Não penses que é tudo, Mariza! Volta a girar a garrafa
. – pediu Inês.
A garrafa apontou mesmo para ela.
- Oh! Eu não tenho nada para te dizer, fofinha... a não ser que queiras saber detalhes picantes da minha relação com o David Luiz, coisa que não digo! – exclamou, rindo-se à farta.
Rimo-nos todas.
- Não quero saber nada disso, filha! – exclamei eu.
Rodei a garrafa pela terceira vez. Parou em frente à Rita Correia. Ela fez uma careta ao morder o lábio.
- O que virá por aí? – perguntei eu para o ar.
- Não é assim muito boa notícia... nem para vocês nem para mim...
- Estás a preocupar-me, Rita.
- A Rita Martins promoveu-me.
- Então, mas isso é uma boa notícia... certo?
- Tenho de ir para Inglaterra... espiar uma pessoa...
- O quê?! Isso não parece nada da Rita! Ela não estava doente, quando te disse isso?
Rita Correira abanou a cabeça.
- Não, ela estava a falar muito a sério. Não me disse quem é que eu tinha de “espiar”, mas disse que amanhã me daria mais novidades...
- Epá, que estranho...
- Sim, eu sei.
- E é durante muito tempo?
- Ela disse que não duraria muito, mas amanhã dará mais informações.
- Bem, ficaremos à espera.
- Pois... o que vale é que me ofereceu o dobro do salário que ganho aqui.
- Ora aí está uma vantagem.
- Pois, mas não sei se hei-de aceitar.
- Sinceramente, Rita, acho que não tens nada a perder. Não acham meninas?
– perguntei eu às outras.
- Sim, eu já lhe disse isso de manhã. – declarou Patrícia.
- Tens de pensar nisso. – pisquei-lhe o olho.
Ela sorriu.
- É isso mesmo.
Suspirei.
- Bem, tantas novidades de uma só vez...
Helena sorriu sem vontade. Olhei para ela. Estava nervosa e notei que as mãos dela tremiam.
- O que se passa, Helena?
- Estas notícias não são nada comparadas às minhas.
Franzi a sobrancelha. Humedeci os lábios.
- Então?
- Não há maneira mais simples de dizer isto. O Javi queria contar-te ao almoço, mas eu ainda não me sentia preparada. Não que agora esteja mais preparada, mas... tenho de contar-te. Por favor, não penses que fui má, egoísta em esconder-te isto, mas aconteceu tudo tão depressa. E, depois as coisas não estavam a meu favor, nem ainda estão, com tudo o que te aconteceu: o Falcão, Derek e o teu gatinho...
- Hey-hey-hey! Espera aí, maninha apressada! Estás a vomitar as palavras depressa demais.
- Não são só palavras que tenho vomitado nestes últimos dias, maninha.
- Vomitar?! Estás doente, Helena?!
Ela sorriu.
- Não é doença... é bênção.
- DIZ-ME, HELENA!
- Estou grávida, Mariza.

Não pisquei os olhos durantes uns longos segundos.
- Tu estás o quê? – fitei a minha irmã que ficou com uma expressão vazia, mordendo o lábio.
Gerou-se um grande silêncio constangedor em toda a sala. Depois comecei a rir-me.
- Óh, vá lá, Helena! Sejamos sinceras! Tu não tinhas nenhuma novidade para dar e inventaste isso tudo agora! Pronto! A brincadeira acabou. Já nos podemos rir. – continuando a ser a única a rir-me e a gracejar.
Inês, que estava a meu lado, pousou-me a mão no ombro e murmurou o meu nome. Olhei para ela e depois para as minhas restantes amigas. Por último, encarei a minha irmã que, entretanto, colocou a mão no seu ventre.
A minha boca fez um pequenino O, quando percebi que o que Helena disse era verdade, não era uma brincadeira, não estavam a gozar comigo, não estavam a pregar-me uma partida desdenhosa. Oh, meu Deus!
A minha mente (vazia, negra e sem qualquer pensamento) terminou essa fase.
A segunda fase passava por uma palavra.
Um nome.
Quatro letras.
Duas vogais e duas consoantes que aceleraram o meu ritmo cardíaco.
JAVI.

1 comentário: